Cavaco dedicou uma parte da sua intervenção de 50 minutos a elogiar a estratégia comunicacional do atual chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, dizendo ver semelhanças com a que adotou quando exerceu cargos de poder e que passa por recusar qualquer "promiscuidade com jornalistas".
"Em França, não passa pela cabeça de ninguém que Macron telefone a um jornalista para lhe passar uma notícia ou uma informação", afirmou.
Cavaco destacou que Macron entende que "a palavra presidencial deve ser escassa", uma estratégia que "contrasta com a verborreia frenética da maioria dos políticos europeus dos nossos dias, ainda que não digam nada de relevante".
"Eu continuo a pensar que a independência em relação aos jornalistas é um principio básico. A atitude que melhor serve o interesse do país e também o interesse pessoal dos políticos é o respeito pelos profissionais de comunicação social mas mantendo distanciamento e não negociando o que publicam ou deixam de publicar", defendeu.
O tema da censura foi introduzido por Cavaco Silva na parte final da sua intervenção na Universidade de Verão do PSD e quando falava das eleições autárquicas que se realizam a 01 de outubro, onde pediu inspiração para os candidatos do PSD.
"Apesar das coisas estranhas que têm acontecido no nosso país, apesar de vozes credíveis afirmarem que censura está de volta, estou convencido que portugueses ainda valorizam a verdade, a honestidade, a competência, o trabalho sério, a dedicação a servirem as populações", disse.
O ex-Presidente e antigo primeiro-ministro terminou a sua 'aula' com um apelo direto aos jovens participantes nesta iniciativa para não lhes falte "a força e a coragem para combaterem o regresso da censura", sem explicitar a que se referia e aconselhando-os a ler um artigo que Maria João Avillez escreveu na segunda-feira no Observador.
Nesse artigo, a jornalista defende, entre outras ideias, que "desde 1974 que a media ignora, despreza ou suporta mal a ideia de direita ou mesmo de centro-direita, troçando ou destruindo os seus líderes e ajudando a acabar com eles, mesmo que o voto os legitime".
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