Com apenas 3,3% da votação, a Coligação Democrática Unitária (CDU, que junta PCP e PEV) não foi além dos 202.565 votos, o que representa uma queda de um ponto percentual relativamente aos 4,3% de há dois anos e dos 238.962 votos então alcançados.

O resultado obtido coloca a CDU como sexta força política, tanto em percentagem como no número de deputados, atrás de PS, AD, Chega, IL e BE, e bate por escassa margem o Livre, que também conseguiu quatro deputados, mas ficou com aproximadamente menos três mil votos do que a coligação.

Em termos de mandatos, a bancada parlamentar do PCP passa de seis deputados – a mais pequena até agora – para somente quatro: o secretário-geral, Paulo Raimundo, que foi eleito por Lisboa e faz a sua estreia no parlamento; o ‘histórico’ António Filipe, que volta ao parlamento agora por Lisboa; a anterior líder parlamentar, Paula Santos, que conseguiu a eleição em Setúbal; e Alfredo Maia, que manteve a representação no distrito do Porto.

Face a 2022, a CDU deixa pela primeira vez de estar representada no Alentejo, ao perder o deputado João Dias, que tinha sido eleito por Beja, além de registar uma quebra em Setúbal, onde Bruno Dias falhou a eleição como número dois da lista.

Quem também abandona a Assembleia da República face à última legislatura é Alma Rivera, um dos rostos mais jovens do partido e que, ao passar de número dois por Lisboa em 2022 para cabeça de lista agora em Évora, falha a eleição.

Das apostas mais fortes da CDU para este ato eleitoral sobressaem a não eleição do antigo líder parlamentar Bernardino Soares no distrito de Santarém, bem como a de Heloísa Apolónia, que tinha sido colocada como número três na lista de Setúbal, na esperança de consumar um eventual regresso dos Verdes ao parlamento, tendo em conta o aumento de um deputado (para um total de 19) na votação deste ano neste círculo eleitoral.

O melhor desempenho da CDU no ato eleitoral deste domingo a nível de percentagem foi - apesar de não conseguir eleger - em Beja, onde registou 15,03% (11.570 votos) e foi a quarta força, atrás de PS (31,7%), Chega (21,55%) e AD (16,74%).

Depois de suceder a Jerónimo de Sousa no final de 2022, Paulo Raimundo não conseguiu travar a trajetória negativa que os comunistas têm efetuado desde 2019.

Perante o antigo secretário-geral na audiência esta noite, Paulo Raimundo lamentou o contexto adverso de “hostilidade e menorização” sobre o partido nos meses que antecederam este ato eleitoral e responsabilizou as “opções da governação do Partido Socialista”, ao notar que potenciaram o favorecimento do discurso demagógico do Chega.

No entanto, sem deixar de admitir um “desenvolvimento negativo” dos resultados, enalteceu a “resistência” do PCP e garantiu que os comunistas não se vão desviar do caminho. “Temos de continuar a fazer o que estamos a fazer há 103 anos. O dia não acabou aqui, a história não acabou aqui e temos um longo caminho para percorrer”, concluiu.