Músicas de Jorge Palma, James, Deolinda e mesmo o Hino de Portugal animaram a concentração de várias centenas de docentes de todos os distritos do Norte de Portugal, que se deslocaram até à Praça dos Leões, na Baixa do Porto, em protesto contra o "Orçamento de Estado 2018 não contemplar, no quadro do descongelamento das carreiras da Administração Pública, todo o tempo de serviço docente que esteve congelado de 30 agosto de 2005 a 31 dezembro de 2007 e de 1 de janeiro de 2011 a 31 de dezembro de 2017”.
Ao som de ensurdecedores apitos vermelhos e rodeada de bandeiras do Sindicato dos Professores da Zona Norte e faixas onde se podia ler “Basta! Já é tempo de corrigir injustiças”, Maria Manuela Oliveira, 41 anos, professora de Físico-Química, e há 15 anos contratada, veio de Monção, percorrendo com os filhos de 6 e 13 anos duas horas de carro, mas não lhe faltou energia para explicar o que a trouxe ao Porto.
“Venho aqui hoje para lutar pelos meus direitos e contra as injustiças levadas a cabo a nível dos concursos que têm sido injustos”, declarou a docente de Física e Química à agência Lusa, revoltada por chegar a agosto e nunca saber onde vai ficar colocada e com o facto de o Ministério da Educação “manter a lei norma travão”, que faz com que “professores com quatro contratos sucessivos fiquem à frente de colegas com mais tempo de serviço”.
Em declarações à Lusa, o secretário-geral da Federação Nacional da Educação (FNE), João Dias da Silva, classificou de “incorreto” e “desconsideração pelos parceiros sociais” o que o Ministério da Educação está a fazer aos professores e sindicatos, negando-se a reunir por duas vezes com aquela associação sindical.
“O que é incorreto é que de duas reuniões que já pedimos ao ministro da Educação desde o dia 14 de outubro, a uma delas tenhamos recebido a recusa formal de marcação de reunião e, desta última vez não há nenhuma resposta do Governo”, disse João Dias da Silva, classificando que é uma “desconsideração para com os parceiros sociais” não querer reunir e “empurrar o problema para o Ministério das Finanças”.
“Quando nós tivemos negociações com o Ministério das Finanças, relativamente à generalidade dos trabalhadores da Administração Pública, ficou claro que aquilo que era específico da área da Educação seria tratado no Ministério da Educação, como sempre aconteceu”, recordou aquele responsável, apelando a todos os decentes para aderirem à greve do dia 15.
João Dias da Silva apelou aos docentes, no discurso que fez em cima de um autocarro preto estacionado na Praça dos Leões, para uma forte “mobilização para a greve para o dia 15”.
“Esta voz tem de ser continuada no dia 15, numa grande adesão à greve para que o Governo respeite aquilo que é nosso. Estamos a lutar por aquilo que é nosso”.
À Lusa, Ana Isabel Santos, 43 anos, professora de Artes Visuais há 20 anos, também trouxe os três filhos – de 8, 12 e 17 anos de idade -, para a concentração no Porto.
“Há 20 anos que estou sempre na expectativa de saber onde vou dar aulas”, desabafou, com o marido ao lado, também professor, que explicou ter 22 anos de carreira, está no 2.º escalão, quando deveria estar no 6.º.
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