A exposição assenta num trabalho de pesquisa, que resulta de uma parceria da Câmara Municipal da Nazaré, no distrito de Leiria, com a biblioteca local e aborda “o período compreendido entre 1933, ano da entrada em vigor da Constituição que faz nascer o Estado Novo [substituindo a de 1911 que, na prática, não era aplicada desde o golpe militar de 1926] e o 1.º de Maio de 1974”, informou a autarquia numa nota às redações.

A mostra, que estará patente entre os dias 29 de março e 07 de julho será complementada com várias iniciativas e convidados, "que partilharão informação e experiências, num país que viveu 48 anos pelos desígnios do Estado Novo; e das conquistas de Abril de 1974, promovendo a reflexão e o debate sobre a liberdade, um bem que se constrói todos os dias”, refere a mesma nota.

“A supressão das liberdades durante a longa noite fascista” é uma das vertentes da comunicação desta mostra bibliográfica que pretende, também, “demonstrar como o país conseguiu sobreviver a 48 anos de ditadura, com miséria, ausência de liberdades e direitos humanos; preservar e dar a conhecer a memória de todos os que lutaram pela liberdade e pela sua defesa e sublinhar a importância da participação popular durante o processo revolucionário, que levou a grandes conquistas sociais, políticas e económicas”, explica, por seu lado, a coordenação do Centro Cultural da Nazaré, defendendo a importância da participação popular na defesa das conquistas de Abril para evitar o risco de estas poderem “ficar sujeitas ao populismo e a regimes políticos não democráticos, havendo a restrição de liberdades e de direitos humanos.”

Além da exposição, as comemorações dos 50 anos da revolução incluem um conjunto de “Conversas à volta dos valores de Abril”.

A primeira, agendada para o dia 20 de abril, terá como tema “Teatro como resistência” e estará a cargo de Jaime Rocha, Luís Varela, Jorge Louraço Figueira.

No dia 24, a conversa acontecerá na Escola Amadeu Gaudêncio, com Norberto Isaac, João Cardoso, José Augusto Estrelinha e Maria Irene Barreira a deixarem “Testemunhos de uma Nazaré antes do 25 de Abril”.

No dia 03 de maio, o tema em debate será “A canção é uma arma”, tendo como oradores Sara Vidal, Hugo Piló e Manuel Freire.

Segue-se, no dia 18, “A Arte e a Revolução”, com Afonso Henrique, Gil Ensinas, Hugo e Sandra Trindade.

No encerramento do ciclo, será abordada “A PIDE e a Tortura”, no dia 25, com Aurora Rodrigues e, no dia 22 de junho, “Memória em Liberdade”, com Fernando Mariano Cardeira, engenheiro e militar natural do concelho da Nazaré, que foi exilado político, diretor da RTP de abril de 1975 a abril de 1976, fundador da Associação de Exilados Políticos Portugueses (AEP61/74), membro da Associação Movimento Cívico Não Apaguem a Memória e autor de "Crónica de uma Deserção - Retrato de um País".

Da programação divulgada pelo Centro Cultural da Nazaré fazem ainda parte dois 'workshops' sobre como fazer um cravo, três ateliês de poesia e escrita criativa e uma noite de fados e canções de Abril.

O programa engloba ainda, no dia 01 de maio, as celebrações do Dia do Trabalhador, com música de intervenção e a leitura encenada da obra “Cartas Portuguesas”, com Tânia Chita, Ana Mafalda Barqueiro e Ana Adelaide Hilário.