Os quase 300 incêndios que afetaram o centro do Chile há uma semana causaram 24 mortos, destruíram 1.206 edifícios, a maioria dos quais nas regiões de Biobío, Nuble e La Araucanía, e deixaram cerca de 5.500 deslocados, de acordo com dados divulgados na quinta-feira à noite.

Em Biobío, várias cidades receberam ainda ordem de evacuação na quinta à noite.

O Senapred indicou que a maior parte da área devastada, cerca de 300 mil hectares, ardeu nos dois primeiros dias de incêndios, quando as condições meteorológicas foram mais adversas, com ventos de 30 quilómetros por hora, temperaturas superiores a 30ºC [graus Celsius] e humidade do ar inferior a 30%.

A falta de meios, num país onde o corpo de bombeiros não é profissional, e a má gestão das florestas aceleraram a tragédia, a mais grave da história do Chile.

Cerca de 30 pessoas foram presas até ao momento por suspeitas de responsabilidade no início dos incêndios, a maioria delas por negligência.

Na quinta-feira, o contra-almirante Jorge Keitel, chefe da Proteção Civil da região de Biobío, confirmou a imposição do recolher obrigatório em três zonas da região.

Horas antes, o Presidente do Chile, Gabriel Boric, tinha falado da possibilidade de impor o recolher obrigatório em todo o território das regiões de Biobío, Nuble e La Araucanía.

A medida mereceu a oposição dos serviços de socorro e emergência que combatem o incêndio, alertando que podia dificultar a ação rápida contra novos focos e dificultar os trabalhos de evacuação em caso de agravamento.

O Chile continua a viver um período de altas temperaturas, com alertas vermelhos naquelas três regiões do centro, bem como em vários locais das regiões de Maule, Los Ríos e Los Lagos (sul).

Centenas de militares estão a combater as chamas, contando ainda com a colaboração de pessoal e equipamento internacionais.

O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, autorizou na quarta-feira o envio de um avião da Força Aérea Brasileira equipada para o combate aos incêndios, e correspondente equipa, além de veículos, equipamentos e materiais, de acordo com um comunicado da presidência.

Este contingente irá reforçar a ação de 60 socorristas disponibilizados pelos Ministérios da Justiça e Segurança Pública e do Meio Ambiente e Mudança do Clima. O Governo brasileiro vai disponibilizar ainda seis especialistas “em comportamento do fogo”.

Também na quarta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, anunciou para hoje a partida de uma missão portuguesa para ajudar no combate aos fogos florestais no Chile.