O general Manuel Rolo respondia aos deputados na comissão parlamentar de Defesa Nacional, numa audição centrada no relatório da FAP sobre as implicações da construção de um aeroporto civil na Base Aérea n.º6, no Montijo.

O estudo feito pela FAP, e já entregue ao Ministério da Defesa Nacional, aponta para “fortes constrangimentos” na operação da Força Aérea num cenário em que é expetável que o número de 24 movimentos/hora seja ultrapassado em 2025.

O general referiu existirem a curto prazo “severas restrições operacionais”, o que aconselha a deslocalização das esquadras para outras bases, mantendo o centro de treino e um aeródromo de transporte militar.

Contudo, mesmo este cenário pode estar em causa face ao desenho da pista apresentado hoje pela ANA (gestora dos aeroportos nacionais) numa conferência sobre o novo aeroporto realizada hoje na Assembleia da República.

Manifestando “surpresa” e admitindo ter sido a primeira vez que tomou conhecimento do novo desenho da pista prevista pela ANA, o general Manuel Rolo disse que, a concretizar-se, “obriga a encontrar outras alternativas”.

“Nesta modalidade, e neste formato da pista, temos de repensar tudo isso”, disse, considerando ainda que com a dimensão prevista pela ANA “é capaz de absorver voos de longo curso”.

“Provavelmente, teremos que viver em situação de contingência até as obras concluídas”, disse, prevendo “mexida em redes de energia” e deslocalização dos paióis ali existentes.

O general disse que, face à opção política por um aeroporto civil na base militar do Montijo, as propostas contidas no relatório constituem também uma oportunidade para “recentrar o dispositivo e adequá-lo às necessidades do país”.

Como exemplo, o general Manuel Rolo disse que se a FAP vier a ter, como prevê o governo, a capacidade de combate a incêndios, será mais útil que os meios estejam concentrados no centro do país, garantindo maior capacidade de resposta, e não na base do Montijo.

O general afirmou que se o plano para a deslocalização das esquadras for aceite pela tutela – com um custo de cerca de 130 milhões de euros – a FAP “voltará a ter a todas as condições para garantir o cabal cumprimento da missão” com “infraestruturas mais adequadas”.

“Quem suportará os custos, não faço a mínima ideia”, disse, afirmando acreditar que será encontrada uma solução “até pela forma como a proposta viabiliza um desígnio nacional”.

Na audição, o CEMFA assumiu que algum “défice de informação” entre a FAP e a ANA, que espera ver ultrapassado.

Questionado sobre se já existe alguma resposta do Ministério da Defesa sobre o relatório, o general disse que “a FAP ainda não tem um despacho” com uma decisão definitiva mas sim um despacho a promover a ligação com as outras entidades envolvidas.

Na audição, o deputado do PS Ascenso Simões admitiu que o relatório deixa “preocupações para o futuro”.

“No dia em que o Governo decidir instalar o aeroporto civil, termina nesse mesmo dia a operação da Força Aérea. Não vale a pena inventarmos nenhuma possibilidade de convívio entre obras e a operação da Força Aérea”, defendeu.

O general Manuel Rolo disse concordar que a partir do momento em que as obras se iniciem no Montijo a operação da FAP fica “fortemente condicionada”.

“O relatório procurou retratar algum nível de urgência para que haja uma decisão definitiva nesta matéria”, visando um planeamento atempado da deslocalização, disse Manuel Rolo.

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