“No exercício das minhas funções e cumprindo as orientações que recebi, pedi uma chamada para o SIRP [Sistema de Informações da República Portuguesa]. […] Depois de ter pedido uma chamada para o SIRP, sim, recebi uma chamada do SIS [Serviço de Informações de Segurança]”, afirmou a chefe de gabinete do ministro das infraestruturas, Eugénia Correia, na audição na comissão de inquérito, que começou três horas depois da hora prevista e a seguir à audição do ex-adjunto Frederico Pinheiro.

Eugénia Correia respondia a questões do deputado Bernardo Blanco, da IL, acrescentando ter reportado ao SIRP “que tinha sido levado do Ministério das Infraestruturas um computador onde estavam incluídos documentos classificados, bem como todos os documentos relevantes referentes à TAP dos últimos anos e que tinha sido levado o computador por um adjunto previamente exonerado”.

A chefe de gabinete de João Galamba explicou que as indicações que recebeu para reportar ao SIRP não lhe foram dadas nessa noite, mas de uma forma genérica, uma vez que, quer neste gabinete, quer como chefe de gabinete do secretário de Estado da Energia, tinha estas orientações, pelo facto de estarem em causa informações sensíveis.

Eugénia Correia afirmou que Frederico Pinheiro estava exonerado desde as 20:45 de 26 de abril e estava impedido de entrar no Ministério das Infraestruturas, por ordem expressa de João Galamba.

“Tendo o doutor Frederico Pinheiro levado à força um computador que não lhe pertence, […] o que se tentou fazer foi impedir que o computador saísse do ministério, como é lógico, quando se está perante um roubo, o que se tenta fazer é impedir que a pessoa concretize o ato”, defendeu a chefe de gabinete, referindo-se à ordem dada para fechar as portas do edifício, dada por um elemento do gabinete que disse não saber quem foi, porque não perguntou.

Eugénia Correia sublinhou que, estando exonerado, uma vez que, disse, a lei dos gabinetes ministeriais determina que as exonerações, tal como as nomeações, não estão dependentes de pré-publicação de despacho, o que Frederico Pinheiro devia ter feito era solicitar a entrega dos seus bens pessoais que estivessem no ministério.

Questionada porque é que o telemóvel de serviço de Frederico Pinheiro não mereceu a mesma preocupação, Eugénia Correia explicou que, segundo o diretor do Centro de Gestão da Rede Informática do Governo (CEGER), o telemóvel estava cancelado, o que não acontecia com os documentos que estavam no computador.

Relativamente às acusações de agressão, Eugénia Correia disse que depois de Frederico Pinheiro ter guardado o computador na mochila e de ter tentado sair do gabinete, a chefe de gabinete agarrou na mochila.

“Agarrei a mochila do doutor Frederico, nem toquei nele, agarrei na mochila. Em consequência dá-me um murro a mim, e depois a doutora Paula lagarto tentou agarrar a mochila, levou vários murros e depois a doutora Rita Penela tenta igualmente agarrar a mochila”, relatou.

Segundo a chefe de gabinete foram feitos três telefonemas para o 112, um telefonema para a PSP do Bairro Alto e o ministro das Infraestruturas ligou também para a PSP.

“Aguardávamos [fechadas na casa de banho] que as autoridades nos contactassem, porque foram reportadas agressões e roubo de um computador, era o que aguardávamos que tivesse acontecido. Não aconteceu”, afirmou, acrescentando que foi identificada pela polícia naquela noite e que duas colegas falaram com os agentes no átrio do ministério, enquanto a chefe de gabinete foi para a sua sala tratar da questão do computador.

Já sobre as câmaras de videovigilância do edifício, Eugénia Correia disse que há uma câmara no quarto piso, onde disse que ocorreram as agressões, mas não funciona.

(Artigo atualizado às 22h03)