Em conferência de imprensa, o porta-voz do ministério Tan Kefei explicou que a China procura proteger a vida e os bens dos seus cidadãos no país africano, onde as “condições de segurança continuaram a deteriorar-se” nos últimos dias.

Tan não especificou quantos navios vão ser enviados para o Sudão. A China começou esta semana a retirar grupos de cidadãos para os países vizinhos.

Segundo dados difundidos pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, mais de mil cidadãos chineses viviam no Sudão, na altura em que os combates começaram.

A China tem uma forte presença económica no Sudão, apesar da contínua turbulência política no país islâmico, desde que se dividiu em dois, em 2011, após a formação do Sudão do Sul, ao fim de décadas de guerra civil.

Mais de 130 empresas chinesas investem e operam no Sudão, que também abriga uma grande força de trabalho chinesa. A China é também o maior parceiro comercial do Sudão, com um volume de comércio total de 2,6 mil milhões de dólares (2,35 mil milhões de euros), em 2021.

As empresas chinesas no Sudão estão envolvidas na construção de infraestruturas, tendo uma participação de mercado de mais de 50% em contratos de obras.

De acordo com o Ministério do Comércio da China, foram assinados 40 novos contratos por empresas chinesas no Sudão em 2020.

Na última semana, vários países, como Estados Unidos, Japão, Espanha e Coreia do Sul, anunciaram o envio de aeronaves para Djibuti – um pequeno país a cerca de 1.700 quilómetros de Cartum e onde tanto os EUA como a China têm bases -, para coordenar a retirada.

A Índia também enviou um navio da Marinha, na segunda-feira, para transferir parte dos seus cidadãos no Sudão para um local seguro.

Questionado sobre a situação, um porta-voz da diplomacia chinesa, pediu, na semana passada, um cessar-fogo e a retoma do diálogo.

“A China espera que todas as partes no Sudão fortaleçam o diálogo e promovam em conjunto o processo de transição política”, apontou.

Segundo o Sindicato dos Médicos do Sudão, pelo menos 512 pessoas foram mortas no país e mais de 4.000 ficaram feridas desde o início das hostilidades. A mesma fonte disse que o número pode ser muito maior devido à impossibilidade de acesso das equipas médicas às áreas onde os combates são mais intensos.

O país africano foi governado, antes do início dos combates, por uma junta liderada pelo general Abdelfata al Burhan, cujo “número dois” era o líder do grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), Mohamed Hamdan Dagalo.

Os desacordos entre os dois sobre a integração das RFS num futuro exército unificado – um acordo anterior à formação de um novo governo de unidade liderado por civis – acabaram por degenerar neste conflito, que começou no dia 15 de abril.