O relatório do Comité do Senado sobre a prática de tortura pela CIA, de 2014, referia já, numa nota de rodapé, o facto de a CIA fotografar os detidos antes de estes serem transportados para outros locais. Entretanto, antigos agentes deste serviço revelaram que várias pessoas estavam nuas quando foram fotografadas. O Guardian diz ainda que em algumas das imagens o prisioneiros estão vendados, atados e têm marcas de violência física. Em outras, veem-se mais pessoas, possivelmente agentes da CIA, ao pé dos detidos nus.

Estas imagens, classificadas, fazem de novo subir a polémica em torno dos métodos dos EUA no tratamento de suspeitos de terrorismo após os atentados de 11 de setembro de 2001. Não se sabe quantas pessoas foram alvo desta "humilhação sexual", nas palavras de um especialista em direitos humanos citado pelo jornal. Muitos destes detidos foram transferidos para países estrangeiros, onde foram também alvo de tortura.

Aos olhos da CIA, fotografar os detidos nus seria uma forma de registar provas do seu estado físico enquanto estavam nas mãos da agência, ilibando-a de responsabilidades quanto às consequências da violência que as vítimas viessem a sofrer nos países para onde eram enviadas.

Vincent Iacopino, da organização Médicos pelos Direitos Humanos, considera que estas fotografias são uma forma de violência sexual, na medida em que envolvem humilhação sexual. O direito internacional proíbe que os prisioneiros sejam fotografados excepto em circunstâncias muito específicas relacionadas com a sua detenção, para evitar que a sua dignidade seja posta em causa.

Ainda ao Guardian, o investigador Nathaniel Raymond, especialista em abuso de prisioneiros da Harvard Humanitarian Initiative, diz que "Fotografar ou gravar em vídeo imagens dos prisioneiros sob custódia dos EUA, sem que isso decorra do processamento dos prisioneiros ou da gestão das instalações, pode ser considerado uma violação da lei de guerra, incluindo a convenção de Genebra, em alguns casos." Acrescenta: "Qualquer prova de que a CIA ou outra agência governamental dos EUA tenha fotografado intencionalmente os detidos deve ser investigada como uma potencial violação da lei doméstica e internacional".

A investigação do Senado revelou que despir os prisioneiros era uma prática corrente e acontecia muitas vezes em simultâneo com outras técnicas de tortura, já anteriormente divulgadas.

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