"O problema das colocações mostra bem que os professores continuam a ser, para o Ministério da Educação, de segunda ordem, não são a prioridade, continuam esquecidos", afirmou em Coimbra o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, durante a apresentação da campanha "Valorizar a Educação e os seus profissionais; 2017/2018: Tempo de resolver problemas", que decorre em vários pontos do país.

A campanha vai procurar exigir respostas aos problemas "de fundo" no setor da educação, sendo um deles o regime de colocação de professores.

Para Mário Nogueira, o Ministério da Educação tem de "aceitar rever o regime de concurso - que foi revisto este ano mas que, claramente, não responde às necessidades do sistema -, através de um processo de negociação, que permita, de facto, que os concursos nos próximos anos se realizem novamente, mas já num quadro de justiça que não provoque os problemas que provocou".

Na sexta-feira, as federações sindicais de professores vão ter reuniões no Ministério da Educação, na sequência de protestos relacionados com alegadas injustiças na colocação de docentes.

O dirigente sindical sublinhou que, aquando da divulgação da colocação dos professores, a Fenprof pediu para "retirar as listas", mas a tutela nunca respondeu à proposta.

Para Mário Nogueira, não é exequível "retirar às escolas mais de 20 mil professores", considerando que o problema não poderá agora ser resolvido "integralmente".

Para a reunião de sexta-feira, a Fenprof não espera uma "proposta, mas uma possibilidade de atenuar problemas" que surgiram com as colocações.

No entanto, "o Ministério da Educação não pode deixar de ter uma solução", notou.

A campanha agora lançada pela Fenprof pretende chamar a atenção para "os problemas de fundo que existem" a um Governo que, no entender da federação, apenas tem atendido a "um ou outro problema", sem resolver "os problemas de fundo da educação".

"É o ano de fazer o que não foi feito até agora", defendeu.

Nesse sentido, a Fenprof vai exigir a melhoria da resposta a alunos com necessidades educativas especiais, a "efetiva redução do número de alunos por turma", a luta contra a municipalização do ensino, bem como respostas que combatam o envelhecimento do corpo docente nas escolas e o fim da contabilização de atividades letivas na componente de estabelecimento.

Quanto às carreiras, caso o descongelamento não abranja os professores, Mário Nogueira realçou que os docentes estão dispostos a ir para a rua e "ocuparão a rua novamente, como no passado", porque não aceitarão "essa discriminação".