Segundo a mesma fonte, além do capitão Rui Monteiro, também o tenente-coronel Mário Maia, diretor do curso e destacado em missão em Angola, será interrogado na segunda-feira, recaindo sobre este último uma queixa por insubordinação/desobediência, por não acatar ordens do general Faria Menezes, comandante das Forças Terrestres, que mandara suspender a recruta.

A fonte contactada pela Lusa referiu que Mário Maia foi detido no início do inquérito, mas acabou por não ser constituído arguido. O caso que agora enfrenta prende-se com a queixa por desobediência apresentada pelo general.

A intenção de constituir como arguido o capitão Rui Monteiro resulta do facto do comandante da companhia de formação dos Comandos ter responsabilidades de supervisão do curso e "aparentemente nada ter feito", explicou a fonte.

A investigação relacionada com a morte dos recrutas Hugo Abreu e Dylan Araújo Silva conta, até ao momento, com nove arguidos, devendo esse número subir após o interrogatório de segunda-feira e no decurso das diligências até conclusão do inquérito, que deverá terminar antes das férias judiciais de verão.

O Ministério Público tenciona ainda inquirir os assistentes, designadamente os pais de Hugo Abreu, que vivem em França e que só terão possibilidades de se deslocarem a Portugal em maio.

Os interrogatórios de Rui Monteiro e Mário Maia vão decorrer na segunda-feira à tarde, nas instalações do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa.

As notificações do MP para interrogatório foram feitas através da Polícia Judiciária Militar, com conhecimento do Estado-Maior do Exército.

A informação de que o capitão Rui Monteiro ia ser constituído arguido no inquérito do MP foi avançada pelo Observador e pelo Público, que adiantam que o comandante é suspeito da prática do crime de abuso de autoridade por ofensas à integridade física.

Dois militares morreram na sequência do treino do 127.º Curso de Comandos na região de Alcochete, no distrito de Setúbal, que decorreu no dia 04 de setembro, e vários outros receberam assistência hospitalar.

Na altura, o MP emitiu mandados de detenção a sete militares, cinco oficiais e dois sargentos, no âmbito do inquérito às circunstâncias do treino.

Segundo o Ministério Público, num despacho a que Lusa teve então acesso, a natureza dos crimes e a atuação dos suspeitos revelam “personalidades deformadas, (…) com vista a criar um ambiente de intimidação e de terror, bem como sofrimento físico e psicológico nos ofendidos, sujeitando-os a tratamento não compatível com a natureza humana”.

Para o MP, os envolvidos tinham conhecimento que com as elevadas temperaturas que se faziam sentir e a privação de água, os instruendos não estavam em condições físicas e psíquicas de prosseguir a instrução.

No entender do MP, “a atuação reiterada dos suspeitos” revela um “manifesto desprezo pelas consequências gravosas que provocam nas vítimas, tratando os instruendos como pessoas descartáveis”.

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