Em declarações à Lusa, o deputado bloquista eleito pelo Porto José Soeiro considerou fundamental haver uma “aposta da TAP no aeroporto do Porto enquanto “infraestrutura para poder captar passageiros para toda a região Norte”.

Na edição de hoje, o ‘Jornal de Noticias’ noticia que, que face ao verão de 2019, a TAP vai operar menos sete rotas e oferecer menos 705 mil lugares a partir do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, ao contrário das principais companhias internacionais que reforçam a presença a partir do Porto.

“É altamente negativo este fenómeno de concentração [em Lisboa] e transformar o aeroporto do Porto numa espécie de apeadeiro de ligação com o aeroporto de Lisboa. Isto obviamente não é desligado do que tem acontecido no setor, não é desligado de processos anteriores, tem a ver com a privatização da ANA e com a política de Estado do próprio aeroporto”, afirmou José Soeiro.

Para o BE, a decisão da TAP de reduzir rotas a partir do Aeroporto Francisco Sá Carneiro “é uma decisão negativa e que, aliás, confirma uma estratégia que tem vindo a ser seguida de menorização” do aeroporto do Porto.

“Aquilo que se tem vindo a assistir é uma a uma subalternização do aeroporto do Porto e uma concentração da operação em Lisboa, transformando Lisboa no centro de onde fazem parte onde se fazem os voos internacionais e o Porto tem uma ligação para Lisboa”, reforçou.

O deputado salientou ainda ser “fundamental do ponto de vista económico, do ponto de vista do Turismo mas também do ponto de vista da ligação das pessoas do Porto” a manutenção de rotas no Norte.

“O Bloco de Esquerda pretende levar este assunto ao Parlamento para discutir como confrontar o Governo e no Parlamento”, garantiu José Soeiro.

Já Alberto Machado considerou que a TAP está a “abandonar as comunidades portuguesas” com ligação ao Norte ao deixar de operar do Porto para cidades como Zurique ou Bruxelas, criando “Portugueses de primeira e portugueses de segunda” pelo que “já não serve a Portugal”.

“Isto vem reforçar a ideia que já está, de certa forma, criada de que a TAP não serve os interesses dos portugueses porque de certa forma aliena o seu papel junto de um conjunto de aeroportos importantes, neste caso do Porto (…) para servir apenas e só o aeroporto de Lisboa”, afirmou Alberto Machado.

Para o líder do PSD/Porto a TAP, “paga por todos os portugueses”, está “a criar uma diferenciação que é completamente inadmissível”.

Alberto Machado considerou “esta estratégia” da TAP “completamente inconcebível”, salientando que “tem que ser rapidamente redefinida”.

“Se somos todos a suportar os custos da TAP, todos temos que ser beneficiados de igual forma pela empresa. Se a TAP pretende operar apenas num determinado destino, então que se privatize a TAP porque a TAP já não serve Portugal, já não é a nossa empresa de bandeira”, apontou.

O social-democrata lembrou ainda a importância das rotas da TAP para as comunidades de imigrantes: “Pelas rotas que nos são dadas a saber que vão ser extintas ou reduzidas, Luxemburgo, Genebra, Londres, Zurique, ou Bruxelas, milhares de portugueses que trabalham na emigração vão deixar de ter ligação direta ao Norte de Portugal”, disse.

Portanto, explicou, “não só a TAP abandona o país, concentrando a sua atividade quase em exclusivo na cidade de Lisboa, como abandona também as comunidades portuguesas que deixam de ter uma ligação direta a aeroportos que lhes permitem chegar mais rapidamente às suas terras natal”.

O PSD garante que também vai levar o assunto a discussão no Parlamento.

“Certamente será um dos assuntos que colocaremos em cima da mesa para, o mais rapidamente possível na Assembleia da República fazermos as diligências necessárias para que o Governo possa intervir nesta situação porque não nos parece que faça sentido algum”, afirmou.

No que toca à postura do PCP, em declarações à Lusa, Jaime Toga, membro da comissão política do partido, começou por dizer que, “confirmando-se, é um episódio negativo e prejudicial para a região”.

“É uma medida que é profundamente negativa para o Porto e para o Norte, mas também para o país, porque o desenvolvimento económico do país não se pode fazer sem potenciar o desenvolvimento económico do Norte”, assinalou o político comunista.

E prosseguiu: “não é possível termos um país a avançar se não avançar no seu conjunto, se não tiver uma estratégia nacional de desenvolvimento, e a transportadora aérea pública tem obrigatoriamente que contribuir para essa estratégia nacional de desenvolvimento”.

Continuando com os alertas, Jaime Toga disse que havendo “uma grande preocupação com o desenvolvimento regional” (…) ele é integrante do desenvolvimento nacional e não haverá se se acentuarem as assimetrias e desigualdades entre regiões”.

Voltando à TAP, o dirigente comunista acusou o Governo do PS de ter “particular responsabilidade neste processo, porque podia ter uma intervenção, a partir do controlo público, que permitisse pôr a empresa a servir o país e não uma empresa que não responde às necessidades do país”.

“Entendemos que o país precisa de uma empresa de bandeira, de uma transportadora pública que contribua para a coesão territorial, o desenvolvimento económico e que sirva o país e os portugueses, mas esta é uma medida que vai em sentido contrário, porque não favorece a coesão, não potencia o desenvolvimento económico, porque não serve o país e, neste caso concreto, prejudica seriamente uma importante região do país”, insistiu.

[Notícia atualizada às 18:58]