Numa votação simbólica, o Senado (câmara alta) aprovou a medida com o voto contra de parlamentares que apoiam o ex-presidente Jair Bolsonaro, um dia depois de o aval ter sido dado pela Câmara dos Deputados (câmara baixa), numa votação em que os apoiantes do ex-PR optaram por sair antes.

“Essa minoria antidemocrática não representa o povo brasileiro. Essa minoria golpista não vai impor sua vontade por meio da barbárie, da força e de atos criminosos”, salientou hoje o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.

“Essa minoria extremista será identificada, investigada e responsabilizada, assim como seus financiadores, organizadores e agentes públicos que deliberadamente ignoraram”, acrescentou o parlamentar relembrando os ataques ocorridos no domingo, quando centenas de ‘bolsonaristas’ invadiram e depredaram os principais prédios públicos da capital brasileira.

A medida segue para a promulgação e vigorará até o final de janeiro.

“O povo quer respeito à lei, às instituições e ao património público. A melhor resposta que podemos dar agora é mais democracia”, disse o presidente da Câmara, Arthur Lira, na segunda-feira.

Então, apesar de a medida ter tido o aval unânime da Câmara dos Deputados, alguns bolsonaristas, como as deputadas do Partido Liberal (PL) Carla Zambelli e Bia Kicis, tentaram adiar a votação alegando que precisavam de mais tempo para analisar a decreto presidencial.

Para Kicis, a medida não se justificava porque a situação em Brasília já estava sob controlo.

“A Polícia tentou conter, houve falhas, mas é preciso dizer que já foi controlado”, argumentou.

O PL e o Partido Novo foram as duas únicas bancadas da Câmara dos Deputados que se abstiveram.

Embora o decreto de intervenção federal tenha força de lei por ter a assinatura do Presidente ele precisa de aprovação das duas casas do Congresso, que podem autorizar ou rejeitar o texto sem modificá-lo.

As autoridades de Brasília têm sido amplamente questionadas pela gestão da crise política, criticando a passividade com que agiram durante as invasões e atos de vandalismo ocorridos no domingo.

Os ‘media’ deram eco a vídeos divulgados nas redes sociais nos quais vários polícias observam impassíveis os seguidores de Bolsonaro, que entraram nos espaços federais.

Apoiantes do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro invadiram e vandalizaram no domingo as sedes do Supremo Tribunal Federal, do Congresso e do Palácio do Planalto, em Brasília, obrigando à intervenção policial para repor a ordem e suscitando a condenação da comunidade internacional.

A Polícia Militar conseguiu recuperar o controlo das sedes dos três poderes, numa operação de que resultaram cerca de 1.500 detidos.

A invasão começou depois de militantes da extrema-direita brasileira apoiantes do anterior presidente, derrotado por Lula da Silva nas eleições de outubro passado, terem convocado um protesto para a Esplanada dos Ministérios.

Entretanto, o juiz do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes afastou o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, por 90 dias, considerando que tanto o governador como o ex-secretário de Segurança e antigo ministro da Justiça de Bolsonaro Anderson Torres terão atuado com negligência e omissão.