A Alemanha e os Países Baixos comprometeram-se, na 26.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26) a contribuir com 15 milhões de euros para um novo Fundo de Bioeconomia e Gestão Florestal, num total de 30 milhões de euros entre os dois países.

A colaboração entre o BID e os executivos europeus dará ênfase ao reforço dos direitos e da capacidade de gestão dos povos indígenas e comunidades locais na Amazónia, uma das linhas de ação favorecidas na COP26 para melhorar a conservação dos ‘habitats’ naturais.

“A região amazónica é essencial para uma recuperação sustentável na América Latina e nas Caraíbas. Estamos orgulhosos por termos chegado a este acordo com países que têm uma longa história de ação climática”, afirmou o presidente do BID, Mauricio Claver-Carone.

“Esta iniciativa irá beneficiar bioempresas, famílias e pequenos agricultores, através de modelos de desenvolvimento sustentável baseados no capital humano, riqueza natural e património cultural desta região única”, acrescentou Claver-Carone.

A organização sublinha que a Amazónia é a fonte de 35-40% da água doce da América Latina e é um ‘habitat’ essencial para os ecossistemas de todo o mundo, regulando a qualidade do ar e armazenando as emissões de carbono.

O projeto faz parte de uma visão mais ampla do BID para promover o desenvolvimento sustentável na Amazónia.

O primeiro triunfo da cimeira registou-se hoje, quando foi anunciado um acordo entre 110 países - incluindo o Brasil, Colômbia e Costa Rica - para travar a desflorestação até 2030, o que melhorará a eficácia das florestas como sumidouros de carbono na luta contra as alterações climáticas.

Num evento com um grande número de líderes internacionais em Glasgow, incluindo os Presidentes norte-americano, Joe Biden, e colombiano, Iván Duque, foi celebrada a assinatura por Estados que representam 85% da área florestal global de uma declaração em que se comprometem a parar e inverter o abate de árvores nesta década, em troca de financiamento de 19.200 milhões de dólares (16.500 milhões de euros) em fundos públicos e privados.

Embora tenha considerado o anúncio “positivo”, a Coligação das Nações Florestais Tropicais, que representa 52 países, muitos deles latino-americanos, disse à agência Efe que este dinheiro não é suficiente para compensar a perda de rendimento derivada da desflorestação, da qual estes territórios dependem.

Ao abrir o evento “Florestas e Terra”, o primeiro-ministro britânico e anfitrião da COP26, Boris Johnson, salientou que “as alterações climáticas e a biodiversidade são duas faces da mesma moeda”: Uma deve ser combatida e a outra deve ser protegida.

Biden disse que a desflorestação deve ser enfrentada “com o mesmo processo sério aplicado à descarbonização da economia”, porque, salientou, “as florestas podem ajudar a reduzir as emissões em mais de um terço”.

Duque confirmou o compromisso do seu governo em declarar 30% da Colômbia como área protegida até 2022, bem antes da meta global para 2030, porque há que “agir agora”, enquanto o Presidente da Costa Rica, Carlos Alvarado, explicou que o seu governo já está a financiar os povos indígenas “para proteger as florestas” que capturam CO2.

O grande compromisso de reflorestação anunciado hoje foi também assinado pela Indonésia, Noruega, Austrália, China, Equador, Honduras, Guatemala, Peru, Turquia, Uruguai e pela União Europeia.

O diretor da Coligação das Nações da Floresta Tropical, Kevin Conrad, da Papua Nova Guiné, considerou “positivo” que “alguém como Boris Johnson esteja a falar de árvores”, mas a realidade é que o financiamento oferecido “é uma gota no oceano”, em comparação com o que é necessário para desencorajar o abate de árvores para a agricultura.

De acordo com os seus números, para parar e inverter a desflorestação até 2030, a fim de alcançar o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5 graus neste século, são necessários 100 mil milhões de dólares (86 mil milhões de euros), por ano e durante 10 anos, para serem partilhados entre todas as nações de florestas tropicais.

Representantes dos povos indígenas reivindicaram o seu direito de gerir as suas terras com respeito pela natureza e apelaram ao fim da devastação causada pelos interesses económicos.

“Não nos matem, não nos matem”, disse Tuntiak Katan, filho do povo Shuar da Amazónia equatoriana, que apelou à “valorização e apoio ao conhecimento e à ciência dos povos indígenas” e à sua contribuição para a redução dos gases nocivos.

Segundo o Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA), as florestas albergam 60.000 espécies diferentes de árvores, 80% de espécies anfíbias, 75% de espécies de aves e 68% de espécies de mamíferos da Terra.

Mas nos últimos 13 anos, mais de 43 milhões de hectares de florestas foram devastados nestes ecossistemas, uma área comparável à do estado norte-americano da Califórnia.