O soldado está "a caminho dos Estados Unidos" depois de ter passado pela cidade fronteiriça de Dandong, na China, e, posteriormente, pela base norte-americana em Osan, na Coreia do Sul, disse à imprensa, esta quarta-feira, o porta-voz do Departamento de Estado americano, Matthew Miller.

Autoridades americanas afirmaram que o militar está de "boa saúde".

Num comunicado, o Conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, agradeceu à Suécia, que atua como mediadora diplomática de Washington em Pyongyang, "e ao governo da República Popular da China pela sua ajuda na facilitação do percurso do Soldado King".

A China é a principal aliada da Coreia do Norte, país liderado por Kim Jong Un e alvo de inúmeras sanções internacionais devido aos seus testes com armas nucleares.

Os seus principais inimigos são a Coreia do Sul e os Estados Unidos.

Um sinal de avanço?

Miller declarou, no entanto, que a libertação de King não representa "um sinal de avanço" nas relações diplomáticas entre Washington e Pyongyang.

"Acredito que é um caso isolado", disse, acrescentando que os Estados Unidos "não fizeram concessões" à Coreia do Norte em troca da libertação do soldado.

Disse, ainda, que o militar deixou o país pela fronteira terrestre com a China, onde foi recebido pelo embaixador americano em Pequim, Nicholas Burns.

Ainda não se sabe o motivo pelo qual King entrou num país com um longo histórico de detenções de americanos, qie usa como moeda de troca em negociações bilaterais.

O jovem de 23 anos deveria retornar aos Estados Unidos para enfrentar medidas disciplinares após se envolver numa luta num bar, de ter tido um confronto com a polícia e passar algum tempo preso na Coreia do Sul.

Em vez disso, saiu do aeroporto, juntou-se a uma excursão turística e atravessou a fronteira entre as duas Coreias.

No mês passado, Pyongyang confirmou que King estava sob a sua custódia e que atravessou a fronteira com a Coreia do Sul para evitar "os maus-tratos e a discriminação racial no Exército dos Estados Unidos".

Porém, após concluir uma investigação, a Coreia do Norte "decidiu expulsar Travis King", afirmou a agência estatal norte-coreana KCNA.

A libertação ocorreu após um complexo esforço diplomático com "meses de duração", que contou com a ajuda do governo sueco, segundo um alto funcionário do governo americano que pediu para ter a sua identidade preservada.

O soldado cruzou a fronteira entre as Coreias num dos piores momentos das relações entre os dois países, que continuam tecnicamente em guerra devido ao conflito ocorrido entre 1950 e 1953 e que terminou num armistício, em vez de um tratado.

A maior parte da fronteira entre a Coreia do Sul e a Coreia do Norte está fortemente protegida, mas a Área de Segurança Conjunta (JSA, na sigla em inglês), pela qual King escapou, é delimitada unicamente por um muro baixo de cimento, que é relativamente fácil de atravessar, apesar da presença de soldados de ambos os lados.