António Costa falava na abertura do debate sobre o Conselho Europeu, na quinta e sexta-feira, em Bruxelas, que teve na galeria de honra a assistir o antigo primeiro-ministro da Dinamarca Poul Rasmussen (1993/2001), atual eurodeputado, membro do Partido Socialista Europeu.

Na sua intervenção, o primeiro-ministro advertiu que o "Plano Juncker" da Comissão Europeia não pode ter regras de aplicação que tenham como consequência "um agravamento das assimetrias" entre os diferentes Estados-membros.

Sobre a agenda da próxima cimeira de chefes de Estado e de Governo da União Europeia, o líder do executivo português aludiu às questões relativas ao mercado interno, em particular ao ‘Plano Juncker'.

António Costa considerou "absolutamente essencial", sobretudo num momento em que o ‘Plano Juncker' é alargado, que haja uma distribuição geográfica equilibrada dos projetos a financiar, garantindo-se assim uma igualdade de acesso a todos os Estados-membros.

"Não é possível que este plano, que corresponde a uma necessidade de investimento, acabe por concentrar o investimento naqueles que são os países economicamente mais fortes, acentuando as assimetrias entre as economias da União Europeia", afirmou.

Em relação aos restantes pontos da agenda da próxima cimeira europeia, o primeiro-ministro demarcou-se de uma lógica de confrontação com a Rússia e defendeu uma mudança para uma "abordagem positiva para o diálogo" ao nível diplomático, já que as sanções "são economicamente indesejáveis para a União Europeia".

Na questão das migrações, o primeiro-ministro disse que os números referentes às travessias no mar Egeu mostram que funcionou o acordo entre a União Europeia, a Grécia e a Turquia, mas advertiu que é necessário que seja dada atenção a outras rotas e, sobretudo, "às questões de fundo que estão na origem" no fenómeno.

Nesse sentido, Costa classificou como essencial a conclusão de acordos de parceria para as migrações com países como o Senegal, o Mali, Nigéria, Níger e Etiópia - "isto, sem esquecer a vertente sul da política europeia de vizinhança".

Relativamente às alterações climáticas, António Costa declarou esperar que todos os Estados-membros ratifiquem até novembro o acordo de Paris, tal como Portugal já o fez.

Na política comercial, António Costa disse que Portugal apoia a conclusão do acordo de parceria comercial com o Canadá, que "é equilibrado e terá benefícios para o país", razão pela qual afirmou esperar que esse mesmo acordo possa ser assinado até ao próximo dia 27.

"Se há contributo que a União Europeia pode dar para a regulação da economia global, é a política comercial", acrescentou, antes de frisar que Portugal também "incentiva a prossecução de idênticas negociações com o Japão e com o Mercosul".