E vão três. Há um terceiro candidato à liderança do Partido Socialista, Daniel Adrião. Candidato pela quarta vez, oficializou a sua intenção este sábado, na Comissão Nacional do partido. Concorre contra José Luís Carneiro e Pedro Nuno Santos.

São também três os pilares da sua candidatura: dar mais poder de decisão aos militantes, incluindo na escolha dos deputados à Assembleia da República, separar quem exerce cargos no PS e no governo, promovendo a independência e a fiscalização, e regenerar o modelo de funcionamento do partido, com o regresso às eleições primárias e aos referendos internos.

Em maio, o socialista acusou António Costa de "estar a gerir de forma desastrada todo o processo da sua alegada sucessão, que ele próprio alimentou e tem alimentado", desde logo "transferindo para o governo um problema que não é do governo, é do PS".

E responsabilizou o primeiro-ministro pelo adiamento do Congresso Nacional do partido de setembro deste ano para março de 2024. "As maiorias não servem para subverter as regras", disse então, lembrando que a primeira coisa que António Costa fez quando chegou à liderança do PS foi "arrumar com as primárias", que "defendeu no passado e foram ótimas para chegar ao poder, mas um inconveniente para quem não quer sair de lá".

Na altura, Daniel Adrião afirmou que "as questões estão muito fulanizadas, quando o que está em causa é o rumo que o PS deve seguir". "Todo o modelo de governance do PS deve mudar, tanto em termos de organização interna, como em termos de matriz", com a "ambição de implementar uma agenda estratégica que sobreviva a governos direções".

Agora, Daniel Adrião explica ao SAPO24 porque se recandidata e porque é que, apesar de para muitos socialistas o PS se ter revelado "uma receita para a instabilidade e má governação", os portugueses continuam a votar no partido: "Votam no PS porque é um mal menor, porque a oferta é fraca e frágil", responde.

"Esta [candidatura] é a única forma de ter voz, de lançar algumas sementes", diz. Como a discussão sobre "a necessidade de mudar este sistema eleitoral aberrante, que só Portugal tem, este estatuto de sub-cidadania em que vivemos, em que não são as pessoas a escolher os seus representantes na Assembleia da República e ver se as pessoas acordam e se dão conta da gravidade da situação".

Por isso definiu três objetivos para a democracia: reforma do sistema eleitoral, com a eliminação do sistema de listas “fechadas e bloqueadas”, para criar uma relação direta entre eleitores e eleitos, reforço de mecanismos que devolvam a confiança nas instituições e desburocratização, para responder com mais eficácia às necessidades dos portugueses.

E três prioridades para Portugal: definir uma estratégia que permita pagar bons salários, modernizar a economia, estimular o investimento e e reter talento, responder à emergência na habitação e reformar o Serviço Nacional de Saúde.

Crítico de António Costa, a quem não reconhece qualquer ambição reformista, Daniel Adrião afirma que quer Pedro Nuno Santos, quer José Luís Carneiro, os dois outros candidatos, são "herdeiros do 'costismo'", ou seja, "candidatos de continuidade".

Com a sua candidatura, a quarta desde 2016, Daniel Adrião quer combater o preconceito e o elitismo, a ideia de que a política é um Olimpo apenas para predestinados.