"Esta é a história do rapaz frágil de Alcochete que se tornou padre e dedicou a vida aos pobres, aos presos e aos doentes. Francisco Rodrigues da Cruz percorria dezenas de quilómetros para pregar, confessar e ajudar quem dele precisava. Aceitava as esmolas dos mais ricos para entregar a quem nada tinha e batia à porta de pessoas influentes e poderosas, como Salazar e Carmona, para lhes pedir que intercedessem pelos desprotegidos. Com fama de santo desde cedo, desempenhou um papel decisivo na credibilização das aparições de Fátima e foi o primeiro confessor da Irmã Lúcia. São muitos os milagres que lhe são atribuídos. Mais de sete décadas passadas sobre a sua morte, fiéis de todo o país continuam a acorrer ao seu túmulo, em Lisboa, onde fazem fila para rezar".

Este é o mote apresentado no livro "Padre Cruz. O Santo do Povo", da autoria de Ana Catarina André e Sara Capelo, publicado pela Oficina do Livro e que chega esta terça-feira, 11 de abril, às livrarias.

Francisco Rodrigues da Cruz, popularmente conhecido como padre Cruz, era natural da vila de Alcochete, onde nasceu em 29 de julho de 1859. Apesar da frágil saúde que o acompanhou desde cedo, e ao longo da sua vida, o padre Cruz concluiu os estudos secundários e seguiu para Coimbra, onde se formou em Teologia na Universidade de Coimbra em 1880, sendo ordenado sacerdote em 1882. Entrou para a Companhia de Jesus em 3 de dezembro de 1940.

Segundo o Secretariado da Causa de Beatificação e Canonização do Padre Cruz, a característica dominante de toda a ação sacerdotal do padre Cruz foi o apostolado, uma vida de peregrinação, de norte a sul do país, Açores e Madeira, tendo sido também peregrino de Fátima.

Em 1913, deu a primeira comunhão à vidente de Fátima Lúcia, depois de um pároco se ter negado a fazê-lo.

Morreu aos 89 anos, em 1 de outubro de 1948, e foi sepultado no jazigo dos jesuítas no cemitério de Benfica, em Lisboa.

O processo de canonização do padre Cruz teve início em 10 de março de 1951 e a fase diocesana decorreu até 18 setembro de 1965 – data em que foi entregue na Sagrada Congregação para a Causa dos Santos Cópia Pública dos três processos (Virtudes, ‘non culto’ e Escritos).

Segundo o Patriarcado de Lisboa, sendo necessário completar aquele processo com os elementos requeridos pelas novas normas para a instrução dos processos de canonização, incluindo uma Comissão de Peritos em História, em 12 de setembro de 2009, o então cardeal-patriarca José Policarpo nomeou um novo Tribunal e Comissão Histórica.

Entre março e maio de 2011 foram ouvidos os testemunhos sobre as virtudes heroicas do padre Cruz e a Comissão Histórica – esta já nomeada em 11 dezembro de 2018 por Manuel Clemente – entregou, no dia 1 de outubro de 2019, os documentos e a sua análise crítica.