Uma semana antes do início da 28.ª conferência das Nações Unidas sobre o clima (COP28), Guterres disse que ações intensas são necessárias no Dubai, onde os países vão abordar os compromissos para reduzir as emissões de gases que estão a aquecer o planeta.

“Estamos a testemunhar uma aceleração que é absolutamente devastadora”, disse o secretário-geral da ONU sobre a taxa de degelo na Antártida, que considerou um “gigante adormecido”.

“A Antártida já está a acordar e o mundo tem de acordar”, acrescentou o português, que está numa visita oficial de três dias à região, acompanhado do Presidente chileno Gabriel Boric, que inclui uma passagem por uma base aérea na Ilha do Rei Jorge e pelos glaciares Collins e Nelson.

Guterres disse que a COP28 é uma oportunidade para as nações “decidirem a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis num prazo adequado”, a fim de respeitar os objetivos do acordo de Paris em 2015, para manter o aquecimento abaixo de 1,5 graus Celsius.

O líder da ONU acrescentou que a cimeira é também uma oportunidade para as nações se comprometerem com mais projetos de energia renovável e melhorarem a eficiência energética das redes e tecnologias existentes.

A COP28 vai decorrer entre 30 de novembro e 12 de dezembro no Dubai, numa altura em que, de acordo com as Nações Unidas, o planeta caminha para um aquecimento de 2,5°C a 2,9°C até ao final do século.

Um relatório da ONU divulgado na segunda-feira alertou para a necessidade da redução para metade das emissões estimadas de gases com efeito de estufa (GEE) até 2030, para impedir um aumento da temperatura global acima de 1,5 graus Celsius.

O Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) disse que, para impedir um aumento de 3°C das temperaturas no final do século, todos os países terão de reduzir emissões muito para além das promessas atuais, cortando 42% das emissões até 2030.

Um estudo publicado na revista Nature Climate Change em outubro disse que, devido à subida das temperaturas, o degelo da Antártida é já “inevitável”, independentemente de quanto o mundo reduza as emissões de gases que aquecem o planeta, como o dióxido de carbono.

A autora principal do estudo, Kaitlin Naughten, estimou que o degelo nas áreas de maior risco da Antártida poderá fazer subir o nível global do mar em cerca de 1,8 metros nos próximos séculos.

Outro estudo publicado na revista Science Advances, também em outubro, revelou que quase 50 plataformas de gelo da Antártida encolheram pelo menos 30% desde 1997 e 28 delas perderam mais de metade do gelo nesse mesmo período.