"Aqui o chão cedeu quatro metros", conta um agricultor cuja casa parece quase intacta, apesar de estar a um nível mais baixo que o normal.

O trabalho de resgate às vítimas concentrou-se em Antakya, capital da província de Hatay, fortemente devastada pelos tremores. A 20 quilómetros dali, em Demirkopru, meia dúzia de prédios próximos foram gravemente danificados, mas a pequena cidade não contabilizou vítimas fatais.

Durante o sismo que causou a morte de mais de 44 mil pessoas, "o solo cedeu e, logo depois, voltou a subir", conta Karatas.

Uma enorme vala abriu-se, deixando a região alagada. A estrada de asfalto também foi danificada, deixando alguns trechos um metro acima dos outros. "Isto transformou-se numa ilha (em que o nível da água) subia e descia", conta Murat Yar.

"O solo deslizou trinta metros em direção ao rio. Foi possível ver água e areia a jorrar", continua o carpinteiro.

Muitos moradores da região conseguiram "saltar pelas janelas das suas casas de um ou dois andares", indo para locais considerados seguros pelas autoridades turcas, o que deixou apenas alguns feridos e nenhuma vítima fatal, situação completamente oposta de Antakya, onde os prédios desabaram com os tremores.

O carpinteiro descreve que viu "um geiser de dez metros" surgir durante o sismo, perto da escola, cuja fachada, no entanto, não foi danificada.

No pátio em frente ao local, uma fresta em formato ziguezague formou-se na fachada e o portal deslocou-se para cerca de 20 metros de distância do local original.

Um pouco mais longe, quatro prédios pré-fabricados de outra escola parecem dominós espalhados em terreno irregular.

“Na hora do sismo, eu disse a mim mesmo: 'Estamos mortos'”, diz Yar, para quem este incidente foi “um milhão de vezes pior” que o de 1999, que deixou 17 mil mortos.