"Os trabalhos de demolição da antiga Refinaria de Matosinhos vão avançar a partir do próximo dia 23 de outubro. A duração global desta fase é estimada em dois anos e meio", pode ler-se num comunicado hoje enviado às redações pela empresa.

De acordo com a Galp, a demolição "será a face mais visível de um processo de descomissionamento e desmantelamento" iniciado "há cerca de dois anos", e anunciado em dezembro de 2020.

"Durante este período foi implementado um vasto conjunto de operações preparatórias que incluiu a paragem das unidades processuais em segurança, o processo de limpeza e desgaseificação de todas as unidades processuais, equipamentos e tubagens para garantir a eliminação de hidrocarbonetos e produtos", explica a petrolífera.

A Galp garante que, "finalizado o desmantelamento, seguir-se-á a fase de reabilitação ambiental dos solos".

De acordo com a empresa liderada por Filipe Silva, "para a preparação para o arranque dos trabalhos de demolição foram efetuados contactos e reuniões com todos os 'stakeholders' [envolvidos] direta e indiretamente impactados ou envolvidos neste projeto".

O comunicado da Galp refere o Governo, a Câmara de Matosinhos, entidades reguladoras e licenciadoras, proteção civil e autoridades locais, bem como moradores e associações comerciais, mas não os trabalhadores ou ex-trabalhadores da refinaria.

"Nesses encontros foram apresentadas as linhas gerais do projeto de demolição e respetivo calendário, bem como as medidas que a empresa vai implementar para monitorizar, controlar e mitigar possíveis constrangimentos pontuais que possam ser suscitados na sequência dos trabalhos em curso", refere a empresa.

A Galp lançou ainda um 'site' (ainda não 'online', pelas 15:01 de hoje) com o endereço www.matosinhos.galp.com, para consulta das medidas de mitigação, com vista a "disponibilizar e atualizar as informações relativas ao decurso dos trabalhos de demolição".

O encerramento da refinaria foi comunicado pela Galp em dezembro de 2020 e concretizado no ano seguinte, num processo muito criticado pelas estruturas sindicais.

As operações de refinação da Galp em Matosinhos foram concluídas em abril de 2021, mas mais 30% do total dos trabalhadores da refinaria vão manter-se no âmbito das operações de desmantelamento e descontinuação.

Em maio de 2021, a Galp deu início a um despedimento coletivo de cerca de 150 trabalhadores da refinaria, chegando a acordo com 40% dos cerca de 400 colaboradores.

A petrolífera justificou a decisão de encerramento desta refinaria com o contexto europeu e mundial da refinação, com os desafios da sustentabilidade e com as características das instalações.

A Câmara Municipal de Matosinhos constituiu um Comité Científico e um Conselho Consultivo sobre a Reconversão da Refinaria e, em fevereiro de 2022, a Galp, a autarquia e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) adiantaram que a antiga refinaria daria lugar a uma cidade da inovação ligada às "energias do futuro".

Em fevereiro, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) disse à Lusa que uma parcela do terreno da antiga refinaria da Galp em Matosinhos que a empresa pretendia ceder à câmara para a Cidade da Inovação tinha os solos e as águas subterrâneas contaminadas.

A Galp adiantou que era “expectável” que os terrenos onde funcionou a refinaria tenham de ser “objeto de remediação”.

Entretanto, este ano foi anunciada a instalação de um Centro Internacional de Biotecnologia Azul no local, que contará ainda com a colaboração da Fundação Oceano Azul.

O Estado é um dos acionistas da Galp, com uma participação de 7%, através da Parpública.

(Notícia atualizada às 15h01)