"Tento preparar e propor medidas realistas que sejam aprovadas por Kiev e Moscovo", disse Grossi à AFP, durante uma visita à central nuclear, a maior da Europa, ocupada por tropas russas há um ano.

"O objetivo é chegar a um acordo com certos princípios e certos compromissos, entre eles não atacar a central", sublinhou, pedindo mais uma vez a Moscovo que se abstenha de armazenar armas e equipamento militar ali.

A ideia de uma zona desmilitarizada em redor da central, localizada no sudeste da Ucrânia, parece avançar, após meses de negociações infrutíferas. Ao chegar em Zaporizhzhia, Grossi lamentou que "a atividade militar esteja a aumentar em toda a região, com um crescimento significativo do número de soldados".

Esta é a segunda visita de Grossi a Zaporizhzhia desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro do ano passado. A sua intenção passa por "avaliar em primeira mão a grave situação de segurança e proteção nuclear na instalação", disse a AIEA.

A sua visita coincide com o temor persistente com a segurança da central, numa região frequentemente bombardeada, sendo que esta agência da ONU mantém uma equipa de especialistas na central desde setembro de 2022, mas Grossi disse que a situação "ainda é precária".

Antes da visita, o responsável reuniu-se com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que considerou impossível restaurar a segurança na central enquanto a Rússia controlar o local.

"Sem a retirada imediata das forças e dos funcionários russos da central nuclear de Zaporizhzhia e do território adjacente, qualquer iniciativa para restaurar a segurança e proteção nuclear está fadada ao fracasso", afirmou Zelensky a Grossi.

A central precisa de um fornecimento confiável de energia elétrica para garantir a segurança nuclear, mas sofreu inúmeros apagões durante a guerra, o que gerou um alarme entre a AIEA e a comunidade internacional.

O chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba, afirmou na terça-feira que "a Rússia deve retirar-se de cada metro quadrado do território ucraniano". Kuleba fez essa declaração numa sessão virtual antes da Cimeira da Democracia, que será inaugurada nesta quarta-feira pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

Durante a reunião, Zelensky disse que o seu país está na linha de frente contra a ameaça da Rússia a todas as democracias. "Devemos desfazer-nos da ilusão de que chegar a um compromisso com o mal pode trazer algo para a liberdade. Os inimigos da democracia têm de perder e apenas isto pode ser a base da verdadeira segurança da democracia", afirmou.