O antigo diretor do FBI James Comey vai dizer na sua declaração de abertura, na audiência de amanhã perante o Comité dos Serviços de Inteligência do Senado (câmara alta do Congresso norte-americano), que Donald Trump lhe pediu que deixasse cair a investigação sobre ex-assessor de segurança nacional Michael Flynn.

"Espero que você possa ver claramente o seu caminho para deixar isso passar, para deixar Flynn", terá dito Trump a Comey na Casa Branca. "Ele é um bom rapaz", sublinhou o antigo diretor relatando um encontro realizado a 14 de fevereiro na Sala Oval (gabinete presidencial), Comey disse que Trump lhe

O ex-assessor de segurança nacional Michael Flynn foi obrigado a demitir-se no dia 13 de fevereiro por omitir os repetidos contactos que manteve com o embaixador russo em Washington no ano passado, durante os quais abordou as sanções americanas a Moscovo.

Já antes, a imprensa americana falava que Trump teria, alegadamente, pedido ao ex-diretor do FBI que abandonasse esta linha de investigação, o que pode configurar uma obstrução à Justiça.

“Foi contudo muito preocupante, tendo em conta o papel do FBI como um serviço de investigação independente”, escreveu Comey.

Nesta declaração de sete páginas, e divulgada hoje pelo Comité dos Serviços de Inteligência do Senado, o ex-responsável do FBI relatou os detalhes de um jantar na Casa Branca que decorreu a 27 de janeiro em que o presidente norte-americano lhe disse que precisava de lealdade: "Eu preciso de lealdade. Eu espero lealdade", terá dito Trump.

“Não consegui reagir, falar ou mudar a expressão da minha cara”, escreveu o antigo diretor do FBI, descrevendo “um silêncio constrangedor”.

E quando o Presidente, ao fim da refeição, relançou a questão da lealdade, James Comey relata que respondeu que o chefe de Estado "teria sempre honestidade” da sua parte, aceitando o pedido de Trump de uma “honestidade leal”.

Na declaração, Comey diz ainda que Trump lhe perguntou se ele queria permanecer como diretor do FBI. Comey diz ter respondido que pretendia cumprir o seu mandato de dez anos e que "politicamente, não estava ao lado de ninguém".

A tão aguardada audição de James Comey perante o Senado ocorrerá no dia 8 de junho, estando prevista começar às 10h00 locais (15:00 em Lisboa). Esta audição será seguida de uma outra audição, à porta fechada, diante dos 15 membros republicanos e democratas que compõem o comité, que estão abrangidos pelo dever de sigilo.

Esta quarta-feira, Donald Trump anunciou, através da sua conta na rede social Twitter, que irá nomear Christopher A. Wray, procurador-geral adjunto na presidência de George W. Bush, para o cargo deixado vazio por Comey, que foi demitido por Trump do cargo de diretor do FBI no dia 9 de maio.

[Notícia atualizada às 19h58]