O pequeno Omran foi o rosto de uma guerra civil que já matou perto de 300 mil pessoas, mas a televisão chinesa diz que estas imagens podem ser parte da "propaganda de guerra" ocidental.

O vídeo que foi filmado pela rede de militantes do Centro de Meios de Comunicação de Aleppo (AMC) mostra Omran, de quatro anos, a ser levado a braços para dentro de uma ambulância. Com o rosto coberto de sangue, Omran limpa a cara com a mão que fica ensanguentada. Este vídeo foi descrito pelo Departamento de Estado americano como a representação do "verdadeiro rosto da guerra síria".

Pequim suporta o governo sírio, liderado por Bashar al-Assad, e goza de boas relações com a Rússia, ambos os responsáveis pelos ataques aéreos contra os rebeldes, levados a cabo em Alepo.

Segundo a rede estatal chinesa, CCTV, "especialistas sugeriram que (o vídeo) é parte da propaganda de guerra, destinado a criar desculpas 'humanitárias' para que os países ocidentais se envolvam na guerra na Síria", disse o locutor do programa, que sustenta esta observação no fato de os socorristas "não realizaram esforços para uma assistência rápida e, por outro lado, pegaram rapidamente na câmara".

Após a divulgação das imagens, Moscovo garantiu que os seus aviões não foram responsáveis por este ataque, acusando os próprios rebeldes de provocar a ofensiva para "desacreditar os esforços russos na criação de um corredor humanitário".

A CCTV alega que o grupo de defesa civil sírio que filmou o vídeo, também conhecido como "Capacetes Brancos", é de "discutível independência" e tem ligações ao exército do Reino Unido.

Na semana passada, o oficial superior do exército chinês Guan Youfe reuniu com o ministro da Defesa da Síria, em Damasco, e afirmou que quer estreitar os laços militares com o governo sírio, segundo a imprensa estatal.

Além de chamar a atenção para o sofrimento das crianças no sangrento cerco de Alepo, a imagem de Omran desencadeou também um conflito diplomático.

O porta-voz do governo russo Igor Konashenkov classificou as imagens da criança como uma "exploração cínica" e "propaganda cliché contra a Rússia".

O conflito sírio causou já mais de 290.000 mortes e milhões de deslocados, desde o seu início, em 2011.