Os “escrutínios diretos” serão organizados numa única sequência no domingo, dia 23 de dezembro, declarou o porta-voz da comissão eleitoral nacional, Jean-Pierre Kalamba, numa cerimónia oficial sobre a divulgação do calendário.

A insatisfação tem crescido no país contra o Presidente, Joseph Kabila, que se mantém no poder apesar de o seu mandato ter terminado em dezembro de 2016, sem que tivessem sido realizadas eleições presidenciais.

A comissão eleitoral tinha anunciado recentemente que as eleições não poderiam ocorrer antes de 2019, o que justificou com a violência mortal na região Kasai e complicações logísticas.

A oposição tinha admitido adiar o voto até junho de 2018, caso Kabila aceitasse deixar a presidência e fosse substituído por um governo de transição.

Um tribunal decidiu que o chefe de Estado congolês pode manter-se no cargo até às próximas eleições.

O atraso na realização do escrutínio tem sido recebido com protestos por vezes mortais na capital, Kinshasa, e noutras grandes cidades do país com mais de 77 milhões de habitantes.

Observadores alertaram para o facto de as tensões ameaçarem não só a RDCongo como o próprio continente africano.

Joseph Kabila tomou o poder em 2001, após o assassínio do pai, Laurent Kabila.

Na sua intervenção na Organização das Nações Unidas (ONU), no encontro anual dos líderes mundiais, em setembro, Kabila reiterou o seu compromisso de realizar eleições, mas não especificou a data.

Quando o Conselho de Segurança da ONU debateu a RDCongo, no mês passado, o embaixador francês François Delattre disse que os Estados membros daquele órgão “aguardam uma rápida divulgação do calendário eleitoral”.

Delattre declarou igualmente que o acordo de 31 de dezembro de 2016 entre o Governo e a oposição da RDCongo, mediado pela Igreja Católica, tem sido “muito adiado, e o Conselho de Segurança tem repetidamente frisado a urgência que a RDCongo enfrenta”.

O acordo de última hora apelava para que as eleições se realizassem até ao fim de 2017, embora alguns tenham desde o início expressado dúvidas sobre se esse calendário seria possível.

A oposição sofreu um duro golpe pouco depois do acordo, quando o seu icónico líder, Etienne Tshisekedi, morreu na Bélgica, aparentemente de embolia pulmonar.