A investigação de um canal de televisão polaco, baseada em documentos e testemunhos, conclui que João Paulo II, antes de nomeado Papa, conheceu e ocultou casos de abuso sexual de menores, dentro da Igreja Católica, no seu país.

No documentário são analisados os casos de três padres que Karol Wojtila, então arcebispo de Cracóvia, transferiu entre vários locais na década de 1970 ao saber das acusações contra eles.

Entre os testemunhos está uma das vítimas do padre Eugeniusz Surgent, acusado de abusos sexuais a menores em pelo menos cinco paróquias diferentes e que foi denunciado diretamente a João Paulo II por várias pessoas.

Associações de apoio especializado à vítima de violência sexual:

Quebrar o Silêncio (apoio para homens e rapazes vítimas de abusos sexuais)
910 846 589
apoio@quebrarosilencio.pt

Associação de Mulheres Contra a Violência - AMCV
213 802 165
ca@amcv.org.pt

Emancipação, Igualdade e Recuperação - EIR UMAR
914 736 078
eir.centro@gmail.com

Outro implicado nos abusos foi o padre Sadus, que depois de trabalhar como professor de catecismo, em contacto direto com crianças, acumulou um grande número de denúncias de abusos sexuais a menores e acabou enviado para "um emprego lucrativo" na paróquia de Gaubitsch, por intercessão direta de João Paulo II.

Durante o tempo como cardeal, Wojtila também terá tido conhecimento de acusações contra outros padres sob sua autoridade, recebendo as informações diretamente das vítimas, que vinham pedir a sua ajuda.

O programa televisivo, transmitido na noite de segunda-feira, resultou de dois anos e meio de pesquisas, entrevistas e viagens, e conta com o testemunho de pessoas ligadas ao papa polaco, bem como a membros da hierarquia eclesiástica, explicou o diretor do programa, Marcin Gutowski.

Os testemunhos recolhidos pelo canal indicam que, em todos os casos relatados, o futuro João Paulo II, primeiro, insistiu em confirmar a veracidade dos fatos e, depois, prometeu tomar providências a respeito, mas nunca fez denúncia ou impôs punição aos culpados, segundo os relatos.

Alguns dos documentos apresentados na investigação são relatórios do Instituto Nacional de Memória polaco provando que, pelo menos um dos padres, trabalhava para a polícia política comunista.

Associações de apoio especializado à vítima de violência sexual:

Quebrar o Silêncio (apoio para homens e rapazes vítimas de abusos sexuais)
910 846 589
apoio@quebrarosilencio.pt

Associação de Mulheres Contra a Violência - AMCV
213 802 165
ca@amcv.org.pt

Emancipação, Igualdade e Recuperação - EIR UMAR
914 736 078
eir.centro@gmail.com

Além disso, o material analisado pelos jornalistas mostra que aquele que foi o mentor de João Paulo II nos primeiros anos, o cardeal Sapieha, obrigou alguns seminaristas a práticas sexuais que incluíam atos violentos.

Rembert Weakland, que foi arcebispo de Milwaukee (Estados Unidos) durante 25 anos, é entrevistado na reportagem e garante que João Paulo II lhe confessou saber do comportamento de Sapieha e que, ao ser questionado sobre isso, confessou "não saber o que fazer" e, de acordo com Weakland, "caiu".

Uma ex-aluna de João Paulo II, Anna Karoń-Ostrowska, refere no relatório que, "talvez, Karol Wojtila se tenha acostumado, por mais terrível que pareça, que tais coisas acontecem na Igreja" e, por isso, escolheu encobri-los.