"É uma descoberta terrível", declarou o porta-voz da secretaria de Segurança do Governo de Guerrero, Roberto Álvarez, ao referir-se à retirada dos corpos feita entre terça e quinta-feira, em quase 20 valas encontradas no Cerro Tenanchitla na localidade de Pochahuixco, no município de Zitla.

"Terminaram as escavações em 20 valas, das quais foram recuperados 32 corpos e nove extremidades cefálicas", que foram transportadas para Chilpancingo, a capital de Guerrero, para dar início ao processo de identificação das vítimas, explicou Álvarez em comunicado.

Nenhuma pessoa foi detida até o momento.

Entre as vítimas contabilizam-se 31 homens e 1 mulher. A descoberta aconteceu após uma chamada anónima para o exército e para polícia federal. A denúncia mencionava um "acampamento com pessoas privadas da sua liberdade", revelou à AFP Álvarez.

Ao chegarem ao local, os agentes encontraram uma pessoa sequestrada, um autocarro, um automóvel, uma moto, coletes à prova de bala e um refrigerador com quatro cabeças, que podem estar relacionados com nove cadáveres encontrados no vilarejo de Tixtla nos últimos dias.

Os peritos iniciaram então uma operação que resultou na descoberta de 17 valas.

Os 32 cadáveres encontrados estavam em "diferentes fases de decomposição, alguns já mumificados", afirmou Roberto Álvarez.

Todas as valas descobertas já foram escavadas, mas o exército continua à procura de indícios que permitam descobrir a localização de mais valas, completou o comunicado.

As valas clandestinas são um método habitual usado pelos grupos de traficantes de droga no México para se livrarem das suas vítimas. Na fronteira entre os estados de Jalisco e Michoacán, por exemplo, 75 corpos foram desenterrados, entre o final de 2013 e início de 2014, diz a AFP.

No fim da semana passada em Guerrero, pelo menos 24 pessoas foram assassinadas. No domingo à noite, os agentes encontraram os corpos de nove homens com claros sinais de tortura, numa estrada de Tixtla perto do povoado de Atliaca, na região central de Guerrero.

O porta-voz da secretaria de Segurança de Guerrero afirmou ainda que a área do município de Zitlala é o cenário de confronto entre dois cartéis de drogas, os 'Los Ardillos' e os 'Los Rojos'.

"Em boa parte do território de Guerrero cultiva-se papoila (...) da qual sai a heroína, que se tornou moda no mercado dos Estados Unidos. Isto levou a um combate sem tréguas entre os diferentes grupos criminosos", admitiu Álvarez.

Perto de Zitlala fica o município de Iguala, onde foram vistos pela última vez, em 26 de setembro de 2014, os 43 estudantes da escola rural de Ayotzinapa, que foram baleados e detidos por polícias corruptos que teriam 'passado' os jovens ao cartel Guerreiros Unidos, que por sua vez, de acordo com a investigação oficial, mataram todos e os incineraram para depois atirar os restos mortais calcinados e triturados em um rio.