Através dos canais de propaganda, o grupo assumiu que o ataque à “aldeia cristã” aconteceu na sexta-feira, com recurso a metralhadoras por parte dos “soldados do califado”.

O ataque aconteceu durante uma cerimónia de preparação para um ritual de iniciação feminina que estava previsto para domingo, com os terroristas a entrarem no acampamento, disparando rajadas de tiros.

Fontes locais indicaram que o ataque terá causado a morte de uma quarta pessoa.

Em setembro, o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, reconheceu que o terrorismo, que há seis anos afeta a província de Cabo Delgado, é uma “grave e nova ameaça à paz”, mas sublinhou não se tratar de um conflito religioso.

“Uma grave e nova ameaça à paz em Moçambique é o terrorismo, fenómeno que vem afetando o nosso país, mais concretamente a província de Cabo Delgado, desde outubro de 2017. A brutalidade com que os terroristas operam deixou claro que não se trata de um conflito religioso, mas de um fenómeno impulsionado por fatores como branqueamento de capitais, narcotráfico, delapidação de recursos minerais, entre outros tipos de crime”, afirmou o Presidente.

O distrito de Mocímboa da Praia foi o primeiro alvo dos ataques terroristas em Cabo Delgado, norte de Moçambique, em 05 de outubro de 2017. A vila sede de Mocímboa da Praia chegou mesmo a funcionar como quartel-general dos rebeldes durante pouco mais de ano, até ser recuperada, em agosto de 2021, pela ação conjunta das forças governamentais moçambicanas e do Ruanda.

Em agosto, as Forças Armadas de Defesa de Moçambique anunciaram ter abatido vários dirigentes do grupo, incluindo o líder, o moçambicano Bonomade Omar.

“Os terroristas já não se encontram nas vilas, desmantelámos as suas principais bases e passaram a atuar em defensiva e em pequenos grupos, protagonizando pequenos ataques esporádicos para saquear comida da população e perpetuar o terror. Com a melhoria da ordem e tranquilidade, as populações têm estado a retornar em massa para as suas zonas de origem, recomeçando a sua vida com normalidade”, referiu Filipe Nyusi.

Desde 2017, o conflito no norte de Moçambique fez mais de um milhão de deslocados, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, de acordo com o projeto de registo de conflitos ACLED.

Na província de Cabo Delgado combatem o terrorismo as Forças Armadas de Defesa de Moçambique, desde julho de 2021, com apoio do Ruanda e da missão da SADC.