"Não temos cá casa, mas a aldeia diz-nos muito, porque costumamos vir para cá com um casal amigo", contou à agência Lusa Sofia Ferreira.

Como o casal amigo está de férias na Madeira, Sofia e Ricardo inquietaram-se com as notícias e não conseguiram ficar em casa, em Leiria, sem fazerem nada.

"A filha deles veio para cá e nós viemos ajudar. Havia aqui um incêndio em baixo e outro mais ao fundo. Andámos a combatê-los de forma a impedir que as chamas viessem para cima e chegassem à aldeia", explicou Sofia.

Na aldeia de xisto vivem em permanência apenas três pessoas idosas, mas aos fins de semana e nas férias há muita vida nas casas que foram sendo recuperadas ao longo dos últimos anos.

Na rua, uma placa resume numa frase a transformação de que foi alvo a aldeia, que outrora estava moribunda: "Nesta aldeia há um novo sentir coletivo feito de pessoas que recuperaram as suas casas com as suas próprias mãos".

Sofia e Ricardo chegaram à aldeia às 17h00 de domingo, defenderam-na das chamas com um grupo de amigos até às 04:00 e foram para casa descansar.

"Voltámos hoje às 14h00, para outros irem descansar. Estamos a rodar para que a aldeia nunca fique sozinha, porque em permanência só cá estão pessoas idosas", contou Sofia.

No seu entender, se o grupo de seis amigos não estivesse na aldeia, as chamas tinham-na atingido e todo o esforço feito para recuperar as casas tinha sido em vão.

Hoje à tarde, sentados num ponto alto da aldeia, os dois olhavam atentos para o fumo que se elevava do vale, ainda longe, e comentavam a imprevisibilidade das chamas.

"Ontem (domingo) quando vínhamos para cá o IC8 estava cortado. Viemos pelo lado de Aguda e não se passava rigorosamente nada. Quando conseguimos controlar a situação aqui e fomos para o outro lado saber se as pessoas precisavam de ajuda, já tinha ardido tudo por onde tínhamos passado", contou Sofia.

O fogo, que deflagrou às 13h43 de sábado, em Escalos Fundeiros, concelho de Pedrógão Grande, alastrou depois aos concelhos vizinhos de Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera, no distrito de Leiria, e entrou também no distrito de Castelo Branco, pelo concelho da Sertã.

O último balanço dá conta de 63 mortos e 135 feridos.

Há ainda dezenas de deslocados, estando por calcular o número de casas e viaturas destruídas.

Além de Pedrógão Grande, existem quatro grandes fogos a lavrar nos distritos de Leiria, Coimbra e Castelo Branco. Em todo o País, os fogos mobilizam um total de cerca de 2.155 operacionais, 666 veículos e 21 meios aéreos.

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