“Há uma série de perigos que estão a multiplicar-se e que persistirão até ao fim do conflito”, disse Rafael Grossi à imprensa, à margem de uma visita ao local previsto para o enterro de resíduos radioativos em Bure (Meuse), no leste de França.

A central nuclear de Zaporijia, no sul da Ucrânia, continua nas mãos dos russos desde a invasão do país, no início de 2022.

“As ações militares aumentaram e, na missão de especialistas permanente que temos em Zaporijia e também nas outras centrais nucleares ucranianas, estamos a assistir a uma multiplicação dos ataques nas imediações das centrais, o que nos preocupa enormemente”, observou Grossi.

O responsável máximo da agência especializada da ONU referiu também os cortes de eletricidade, “que põem em risco a função de arrefecimento” dos reatores.

Neste contexto, a AIEA está a tentar “ter um efeito dissuasor sobre todas as partes, para evitar que à miséria desta guerra se junte um acidente com consequências radiológicas”, explicou.

Caída nas mãos do Exército russo a 04 de março de 2022, Zaporijia, a maior central nuclear da Europa, foi várias vezes atingida por projéteis e sofreu diversos cortes de energia elétrica, uma situação precária que faz temer um acidente nuclear grave.

A Rússia lançou a 24 de fevereiro de 2022 uma ofensiva militar na Ucrânia que causou, de acordo com dados da ONU, a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e fez nos últimos 21 meses um elevado número de vítimas não só militares como também civis, impossíveis de contabilizar enquanto o conflito decorrer.

A invasão — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.