“A lição mais valiosa destes dois anos está no sentido de solidariedade que se verificou entre os aliados, não apenas no âmbito da NATO, mas entre as democracias que se colocaram ao lado de Kiev, revelando uma unidade mais forte do que nunca”, disse Linda Thomas Greenfield, durante uma conferência de imprensa virtual em que a agência Lusa participou.

Para Greenfield, é falsa a ideia de que o sentimento de ajuda a Kiev está a enfraquecer, à medida que o tempo passa e perante a incerteza sobre o desfecho do conflito na Ucrânia, iniciado com a invasão russa em 24 de fevereiro de 2022.

“Não é verdade que haja um esmorecimento da solidariedade à Ucrânia. Da parte dos Estados Unidos, a ajuda existe e vai continuar a existir, pelo tempo que for necessário”, garantiu a embaixadora, negando que, por exemplo, a situação no Médio Oriente, com o conflito entre Israel e o grupo islamita Hamas, esteja a desviar as atenções da comunidade internacional.

A diplomata lembrou os 74,6 mil milhões de dólares (cerca de 70 mil milhões de euros) em ajuda financeira e militar norte-americana a Kiev como prova do compromisso que Washington assegura que vai continuar, “apesar das divergências no Congresso”, referindo-se à resistência do Partido Republicano na aprovação de novos pacotes de ajuda.

Sobre as difíceis negociações de paz, Thomas Greenfield voltou a acusar o Presidente russo, Vladimir Putin, de não ser capaz de aceitar “compromissos justos e razoáveis” que Kiev tem imposto para uma solução para o conflito, garantindo que os Estados Unidos estão disponíveis para mediar qualquer solução que passe por esses compromissos.

“Os Estados Unidos querem ver na Ucrânia um país democrático e soberano. (…) Um país capaz de defender-se de futuros ataques”, disse a embaixadora, sobre o que deverá ser o resultado das negociações de paz.

“A nossa posição continua muito clara. Aceitaremos as condições que Kiev tem colocado em cima da mesa. Qualquer solução de paz deve acontecer nos exatos termos impostos pelo Governo ucraniano”, insistiu Greenfield.

Recordando a recente morte de Alexei Navalny, a embaixadora voltou a culpar Putin pela morte do opositor ao Kremlin, garantindo que os Estados Unidos vão pedir contas por este caso.

“Putin é um líder autoritário que não hesita em livrar-se dos seus opositores. Pediremos contas por aquilo que aconteceu. Nos próximos dias, anunciaremos novas sanções contra a Rússia”, garantiu a diplomata.

Thomas Greenfield aproveitou ainda para comentar as ameaças continuadas de sabotar as exportações dos cereais ucranianos, dizendo que eles são essenciais para o equilíbrio da segurança alimentar mundial.

“Ainda na passada semana, durante uma digressão em África, percebi a importância dos cereais ucranianos nessa zona do planeta. Os Estados Unidos tudo farão para garantir a sua livre circulação”, prometeu a embaixadora.