Das 18 pessoas falecidas a tentar recolher a comida enviada, 12 afogaram-se no mar enquanto tentavam alcançar um paraquedas, e seis num tumulto.

O Hamas pediu a suspensão destas operações e pediu a abertura do acesso terrestre para a chegada de ajuda humanitária, controlada por Israel.

A ajuda, insuficiente para os 2,4 milhões de habitantes de Gaza, entra sobretudo pelo Egito, através de Rafah, e com muita dificuldade chega ao norte do território.

"Os lançamentos aéreos são uma das muitas formas que estamos a usar para entregar ajuda que os palestinianos em Gaza precisam tão desesperadamente e vamos continuar a fazê-lo", declarou a Casa Branca nesta terça-feira.

Os habitantes de Gaza observam os paraquedas e correm até eles quando pousam, empurrando-se uns aos outros e até mesmo lutando entre si.

"As pessoas morrem por uma lata de atum", disse Mohamad Al Sabaawi, morador de Gaza mostrando a única conserva que conseguiu recolher.

Por outro lado, o Ministério da Saúde de Gaza, governada pelo Hamas desde 2007, anunciou nesta terça que 12 pessoas, incluindo crianças, morreram num bombardeamento que atingiu uma barraca de campanha de uma família deslocada em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza.

O bombardeamento atingiu o setor de Al Mawasi, a oeste de Khan Yunis, onde há milhares de tendas de campanha que abrigam deslocados que fugiram das regiões do norte do território palestiniano. O Exército israelita disse que estava a verificar esta informação.

Três hospitais que, segundo Israel, abrigam bases do Hamas, continuam a ser alvo de operações militares, apesar de, segundo a ONU, menos de um terço dos hospitais de Gaza estar operacional.

Em 18 de março começou uma operação no hospital Al Shifa, na Cidade de Gaza, o maior do território, onde o exército informou ter matado 170 combatentes palestinianos. Em Khan Yunis, os soldados cercam o hospital Nasser, segundo o Hamas.

E a aproximadamente um quilómetro de distância, o hospital Al Amal também foi alvo de ataques desde o domingo. Agora, está "fora de serviço", disse, nesta terça-feira, o Crescente Vermelho palestiniano, depois o exército israelita ter retirado os seus ocupantes.

A guerra teve início em 7 de outubro com uma incursão de milicianos islamistas no sul de Israel a partir de Gaza, que deixou 1.160 mortos, a maioria civis. Os comandos também sequestraram cerca de 250 pessoas, segundo contagem da AFP com base em dados oficiais israelitas.

Em represália, Israel lançou uma ofensiva com o objetivo de "aniquilar" o Hamas, considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia. A ofensiva em Gaza já matou 32.414 pessoas até agora, em sua maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

Nesta terça-feira, Israel confirmou que tinha "eliminado" o número 2 do braço armado do Hamas, Marwan Issa, num ataque há duas semanas. A morte deste homem, considerada por Israel como um dos organizadores do atentado de 7 de outubro, já tinha sido anunciada pela Casa Branca.

EUA pressiona Israel

Na segunda-feira, o Conselho de Segurança da ONU aprovou pela primeira vez desde o início da guerra uma resolução pedindo um cessar-fogo por 14 votos a favor e a abstenção dos Estados Unidos, que até agora tinham vetado três textos que incluíam o termo "cessar-fogo".

Israel, irritado com os Estados Unidos, o seu principal aliado histórico, cancelou a visita de uma delegação a Washington.

Os Estados Unidos aumentaram a pressão nas últimas semanas contra Israel para que renuncie à sua anunciada ofensiva terrestre contra a cidade de Rafah, onde, segundo a ONU, se concentram quase um milhão e meio de palestinianos, a maioria deslocados.

O secretário de Defesa americano, Lloyd Austin, considerou, nesta terça, que as mortes de civis em Gaza são "elevadas demais" e a quantidade de ajuda humanitária é "muito pouca", no início de uma reunião, no Pentágono, com o seu congénere israelita, Yoav Gallant.

O Hamas comemorou a resolução da ONU e acusou Israel de procurar "o fracasso" das negociações em curso em Doha com vista a um cessar-fogo, com intermediação de Qatar, Egito e Estados Unidos. O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirmou que o Hamas tem "exigências extremas". Já o Qatar disse, nesta terça, que as conversas prosseguem em Doha.

O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em visita ao Irão, aliado do movimento palestiniano e inimigo declarado de Israel, avaliou que a votação na ONU demonstrava "o isolamento político sem precedentes" de Israel.