Representados somente por um observador na conferência ministerial, na qual participam mais de 30 países, os Estados Unidos "indicaram que não iriam renegociar o Acordo de Paris, mas que iriam rever os termos com os quais se poderiam comprometer sob o acordo", indicou este sábado Miguel Arias Cañete, comissário europeu para o Clima.
O governo americano "tem um delegado nesta reunião que fala em nome dos Estados Unidos", assim como todos os representantes numa reunião internacional, acrescentou o comissário.
Todos os ministros em redor da mesa, e os representantes oficiais, incluindo o observador americano, declararam que "o Acordo de Paris é irreversível", assinalou o ministro francês de Transição Ecológica, Nicolas Hulot.
Na próxima semana, as reuniões que acontecerão à margem da Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque permitirão verificar com os representantes americanos "qual é a sua verdadeira posição", lembrou Arias Cañete.
A mensagem transmitida este sábado pelo delegado dos Estados Unidos "é diferente da que ouvimos do presidente (Donald) Trump", acrescentou.
Para o ministro francês, que não se mostrou nem pessimista ou otimista, alguns estados como a Califórnia e outras grandes cidades, assim como "grandes e pequenos atores económicos querem compensar com o seu dinamismo a freada que poderia supor a atitude da administração Trump".
Por iniciativa do Canadá, da União Europeia (UE) e da China, esta reunião acontece a cada 30 anos desde a assinatura do Protocolo de Montreal para a Proteção da Camada de Ozono, "um acordo internacional histórico", de acordo com a ministra canadense da Mudança Climática, Catherine McKenna.
Este protocolo é o exemplo de que "o mundo deve continuar a agir para enfrentar a ameaça das mudanças climáticas", realçou.
"Estamos unidos e devemos agir juntos", acrescentou McKenna, ao receber ministros e representantes de mais de 30 países, relembrando os últimos eventos meteorológicos: tufões, inundações, furacões, entre outros.
"As mudanças são reais. Os fenómenos climáticos extremos são mais frequentes, mais poderosos e mais destrutivos", indicou a ministra, dando como exemplo a situação das "crianças em Barbuda, que não têm escola", depois de o furacão Irma ter devastado a ilha do Caribe há uma semana.
Para respeitar um calendário abalado pela saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris sobre o Clima (COP21), por decisão do presidente Donald Trump, UE, China e Canadá assumiram a liderança do combate às mudanças climáticas e manifestaram a sua determinação de seguir adiante.
"Não é uma discussão burocrática. É uma discussão política, com importantes etapas destinadas a conseguir uma transição para as energias limpas, de modo a deter o aquecimento global", frisou o comissário europeu para o Clima, Miguel Arias Cañete.
O objetivo é limitar o aumento da temperatura média do planeta a 1,5°C até 2050 em comparação com o nível da era pré-industrial.
Para novembro, está programada a próxima Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP23) em Bonn, na Alemanha, sob a presidência das Ilhas Fiji.
A UE pretende apresentar propostas aos seus Estados-membros, em breve, para reduzir as emissões de carbono no setor dos transportes, anunciou o presidente, Jean Claude Juncker, esta semana.
Outro grande emissor de CO2, a China, informou a intenção de proibir a venda de carros movidos a combustíveis fósseis, um objetivo ambicioso para o primeiro mercado automóvel do mundo.
O Reino Unido também expressou a sua intenção de agir na mesma direção, assim como a França, cujo ministro da Transição Ecológica, Nicolas Hulot, deu voz à sua vontade de proibir a venda de veículos a diesel e gasolina até 2040.
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