Pelo menos 26 pessoas foram hoje mortas a tiro e dezenas ficaram feridas numa igreja batista do estado norte-americano do Texas, por um homem que foi depois abatido, indicaram a polícia local e outras autoridades.

"Há muitos mortos e muitos feridos", anunciou o comissário do condado de Wilson, Albert Gamez Jr., cita a NBC.

Um balanço preliminar dava conta de 27 vítimas mortais, todavia, o governador do Texas, Greg Abbott, em declarações à imprensa, situou esse número nos 26, acrescentando, porém, não saber se esse número se irá manter.

"Estamos a lidar com o maior tiroteio em massa na história do nosso estado. Há tantas famílias que perderam os seus familiares. Pais, mães, filhos e filhas", lamentou Abbott.

"A tragédia, claro, é agravada pelo fato de ter ocorrido em uma igreja, um lugar de adoração, onde essas pessoas foram abatidas inocentemente. Choramos pela sua perda, mas apoiamos seus familiares", completou.

As vítimas terão entre 5 e 72 anos.

Uma porta-voz do Connally Memorial Medical Center, nos arredores de Floresville, disse à Fox News que a instituição recebeu "oito pacientes depois do tiroteio", e que três deles foram então "transferidos para o Hospital Universitário de San Antonio", uma das maiores cidades do Texas.

O ataque aconteceu na Primeira Igreja Batista em Sutherland Springs, sudeste de San Antonio, segundo relatos citados pela Agence France-Presse (AFP).

Um responsável pela polícia local descreve que um homem entrou na igreja e começou a disparar, fazendo um número indeterminado de vítimas mortais.

Testemunhas, citadas pela AFP, disseram que o atirador entrou na igreja pouco antes do meio-dia e abriu fogo. Uma criança de dois anos está entre os feridos, informou o site Dallas Morning News.

"O agressor morreu", disse à AFP um porta-voz do comissário do condado vizinho de Guadalupe, acrescentando que não houve confrontos entre ele e a Polícia.

"Estava no seu veículo", acrescenta a mesma fonte.

Donald Trump e o governador do Texas já reagiram

Na rede social Twitter, o presidente norte-americano, Donald Trump, já reagiu ao tiroteio.

"Que Deus esteja com as pessoas de Sutherland Springs, Texas. O FBI e as autoridades estão no local. Estou a acompanhar a situação a partir do Japão", escreveu Trump este domingo.

Recorde-se que o presidente norte-americano iniciou hoje uma viagem pela Ásia.

Também pelo Twitter se manifestaram o senador republicano pelo Texas, Ted Cruz, e o governador do Texas, Greg Abbott, que prestaram a sua solidariedade.

"As nossas orações vão para todos aqueles que foram afetados por esse ato demoníaco. Agradecemos às forças da ordem pela sua resposta", escreveu Abbott, prometendo detalhes sobre o episódio "o mais rápido possível".

Sutherland Springs é uma localidade com cerca de 400 habitantes, a cerca de 48 quilómetros da cidade de Santo António, Texas, informa a agência Associated Press.

Mais um caso para o debate sobre o uso de armas

Os disparos começaram às 11h30 locais na First Baptist Church de Sutherland Springs, avançou a emissora KSAT12 no seu portal de notícias.

Segundo o canal, uma testemunha viu um homem entrar na igreja e começar imediatamente a atirar contra os fiéis. De acordo com a imprensa local, cerca de 50 pessoas costumam assistir ao culto àquela hora.

A 1 de outubro, os Estados Unidos tiveram o pior tiroteio da sua história recente, quando um homem disparou indiscriminadamente de um quarto de hotel de Las Vegas, Nevada. Matou 58 pessoas e feriu cerca de 550 das 22 mil que assistiam a um espetáculo de música country ao ar livre.

O autor dessa ataque, um reformado, Stephen Paddock, de 64 anos, matou-se após os disparos. Ele conseguira levar um verdadeiro arsenal para o quarto onde se encontrava instalado, no 32.º andar do hotel Mandalay Bay.

O autoproclamado Estado Islâmico reivindicou o ataque, mas as autoridades não encontraram elementos que permitam sustentar essa hipótese e ainda desconhecem as motivações de Paddock.

O ataque de hoje também acontece dois anos depois de o supremacista branco Dylann Roof ter entrado numa igreja historicamente frequentada por fiéis afro-americanos em Charleston, na Carolina do Sul. Matou nove pessoas. Em janeiro passado, Roof foi condenado à pena de morte.

Todos os anos, mais de 33 mil pessoas morrem nos Estados Unidos, vítimas das armas de fogo, de acordo com um estudo recente. Desse total, 22 mil são casos de suicídios.

O debate sobre a regulamentação das armas é relançado a cada tragédia, sem que a legislação seja modificada. Parte da explicação está na influência e na pressão exercidas pela Associação Nacional do Espingardas (NRA, na sigla em inglês), o poderoso lobby das armas nos EUA.

[Com Lusa]