“O PS, no PE, onde esteve livre de condicionamentos à esquerda, alinhou sempre com as forças à direita. Esse é um facto que não foi desmentido. É natural que cause algum incómodo ao PS e é natural que se volte para quem o causou, mas não nos vai desviar do nosso trabalho, de prestar contas e deixar desafios”, afirmou João Ferreira, na Maia, distrito do Porto, antes de uma ação de contacto com a população.

O candidato respondia a questões dos jornalistas sobre as críticas feitas ao PCP e ao BE na quarta-feira pelo secretário-geral do PS, António Costa, dizendo que aqueles partidos não se afastaram do voto de protesto na Europa, como fizeram em Portugal, onde mantêm com os socialistas uma aliança governativa.

“Eram dispensáveis os ataques que foram feitos”, frisou João Ferreira.

O comunista assegurou que as acusações do PS à CDU não vão desviar o partido do seu trabalho, “de prestar contas e de deixar desafios” aos outros partidos, alertando ser “importante” que as “clarificações” das posições de cada um “fossem feitas antes das eleições” de domingo.

Questionado sobre se António Costa estaria a criticar que a abertura da esquerda a nível nacional não se concretiza na Europa, João Ferreira convidou a um olhar “para o balanço da atividade” dos partidos portugueses no Parlamento Europeu.

“Seis ou sete deputados do PS fizeram cerca de metade dos relatórios e pareceres do que fizeram os deputados da CDU. Os seis ou sete deputados do PS fizeram muito menos perguntas do que fizeram os três deputados da CDU”, descreveu.

Para o candidato, “se alguém demonstra proatividade iniciativa e abertura para intervir sobre questões candentes e problemas do país e da Europa têm sido os deputados da CDU”.

“Se alguém demonstra fechamento e falta de vontade de intervir é olhar para balanço da atividade dos deputados de uma força e de outra”, disse.

Ferreira criticou ainda o PS por não ter respondido “a nenhum dos desafios que lhe foram lançados”.

Segundo o comunista, “o PS nada disse” perante os desafios de “clarificar posição relativamente a orçamento que venha a cortar verbas para Portugal, de uma reforma da Política Agrícola Comum que mantenha desigualdades no pagamento entre países” ou “o desafio de defender restituição de cotas e direitos de produção como instrumento essencial para defender a produção nacional”.

“É, por isso, legítimo supor que o PS espera fazer o que tem feito nos últimos anos, e que tem prejudicado o pais”, concluiu.

CDU quer "envelope mínimo garantido" para Ciência, Cultura e Ambiente

O cabeça de lista europeu da CDU defendeu hoje também a criação de um “envelope mínimo garantido” de fundos comunitários para as áreas da ciência, cultura e ambiente, e a exclusão de acesso ao financiamento a entidades com trabalhadores precários.

“Defendemos um envelope mínimo garantido nestas áreas, que atualmente não têm atribuição nacional, levando a que os projetos portugueses tenham de competir com outros países", como condição "para que Portugal aceite o futuro quadro financeiro plurianual”, explicou João Ferreira, em declarações aos jornalistas na Maia, distrito do Porto.

O candidato desafiou ainda as outras forças partidárias para, antes das eleições de domingo, se pronunciarem sobre outra proposta que a CDU pretende fazer no Parlamento Europeu: que “nenhuma entidade pública ou privada com trabalhadores precários a assegurar necessidades permanentes possa aceder a fundos comunitários”.

“É uma medida de combate à precariedade e de melhor utilização dos fundos comunitários”, frisou.

João Ferreira notou que estas duas propostas são também “desafios às forças políticas” na corrida para as eleições europeias de domingo em Portugal, por se tratarem de questões que vão estar “em cima da mesa na próxima legislatura” no Parlamento Europeu.

Quanto ao envelope mínimo garantido para a Ciência, Cultura e Ambiente, o candidato defendeu que o mesmo deve ser definido com base em “critérios de coesão”, privilegiando países com “PIB inferior à media europeia”.

“Perante a possibilidade de Portugal não arrecadar, em termos de fundos estruturais, o que seria devido, defendo que se possa assumir, como posição negocial, a necessidade de o país receber estes pacotes mínimos garantidos”, esclarece.

O comunista observou que existem atualmente nestas áreas programas europeus, mas sem “atribuição nacional”.

“Hoje, Portugal recebe o que consegue relativamente a projetos submetidos que entram em competição com outros países”, afirmou, referindo estar em causa um “montante muito pouco substancial”.