"Portugal precisa de encarar a renegociação da sua dívida pública nos seus juros, prazos e montantes. Esta é uma necessidade e uma possibilidade, fixando encargos com o serviço da dívida compatíveis com o crescimento e desenvolvimento. Implica assumir simultaneamente a possibilidade de recuperar a soberania monetária. Pode e deve estar articulada com a libertação do euro e a recuperação para o controlo público de setores como a banca", disse João Ferreira.

O eurodeputado comunista afirmou que "há quem julgue que a dívida deixou de constituir um problema e que a sua renegociação deixou de ser uma necessidade".

"É possível, se não houver um outro grande banco a ir à falência, se não eclodir uma nova crise na economia mundial, se a situação internacional se mantiver com relativa estabilidade... Se, se e se... É possível que a dívida possa continuar a ser paulatinamente reduzida, como nestes últimos três anos e meio, mas mesmo assim, se a atual trajetória se mantivesse, só lá para 2038 é que Portugal passaria a ter a dívida inferior a 60% do PIB que a União Europeia reclama. São muitos estes 'se'", insistiu.

Segundo João Ferreira, "as políticas do Banco Central Europeu e da Comissão Europeia, os pilares da 'troika' em Portugal, estimularam a usurpação de recursos nacionais para encher os cofres dos bancos alemães, franceses ou americanos à custa dos juros de uma dívida, num processo que diz muito sobre a dita solidariedade na União Europeia".

"Ao todo, foram mais de 100 mil milhões de euros de juros pagos à banca desde a entrada de Portugal no euro, recursos que fizeram e fazem falta aos salários, pensões, aos serviços e investimento públicos, à dinamização da produção nacional", resumiu.