A medida de Phnom Penh, anunciada na terça-feira, foi tomada, na sequência de uma recomendação do conselho de supervisão da Meta, cujas decisões são vinculativas, para a suspensão das contas de Hun Sen no Facebook e na rede social Instagram por seis meses, devido a um vídeo, datado de janeiro, e no qual o líder cambojano ameaçava bater nos opositores.

Há muito, um utilizador prolífico do Facebook, Hun Sen deixou de utilizar a plataforma e, aparentemente, desativou a conta.

A decisão ocorre a poucas semanas das eleições gerais de 23 de julho, para as autoridades cambojanas recusaram o registo do Partido Luz das Velas, principal oposição de Hun Sen.

Algumas horas mais tarde, a Meta declarou que iria cumprir a decisão de retirar o vídeo.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros cambojano qualificou a decisão de “natureza política” e, na terça-feira, acusou o Conselho de interferir nos assuntos internos do Camboja.

“Pretende interferir com a liberdade de imprensa dos cidadãos cambojanos e com o direito de receberem informações credíveis de um líder que apoiam e admiram”, afirmou, em comunicado.

O Ministério declarou então ‘persona non grata’ os 22 membros do conselho de supervisão do Meta, proibidos de entrar no Camboja.

Na plataforma Telegram, Hun Sen afirmou que os membros do conselho “não poderão entrar no Camboja para sempre” devido à “interferência política nos assuntos internos do Camboja”.

A antiga primeira-ministra dinamarquesa Helle Thorning-Schmidt e o prémio Nobel Tawakkol Karman integram o conselho de supervisão da Meta.

No poder há 38 anos, Hun Sen é um dos líderes mais antigos do mundo e planeia entregar as rédeas do poder ao filho mais velho, Hun Manet, quando se reformar.

Organizações de defesa dos direitos humanos acusaram Hun Sen de utilizar o sistema judicial para esmagar toda a oposição, tendo dezenas de opositores sido presos desde que chegou ao poder.

Nas últimas eleições, em 2018, o partido do primeiro-ministro ganhou todos os lugares, uma vez que um tribunal tinha ordenado a dissolução do Partido de Resgate Nacional do Camboja (CNRP), ilegalizado em 2017.