“Se lutámos durante 53 anos, poderemos adiar por uns dias ou alguns meses [a entrega de todo o armamento] para que tudo decorra bem”, afirmou Ramiro Cortés, comandante da Frente 29 da principal formação da guerrilha colombiana, à agência noticiosa Efe.

Os membros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) que estão concertados em Policarpa, departamento de Nariño (sudoeste do país) estão a aguardar o desenvolvimento da situação, e quando na segunda-feira termina o prazo de 180 dias para a entrega das armas.

A aplicação do acordo de paz registou diversos atrasos por vários motivos, com os chefes das FARC a manifestarem necessidade de alargar em pelo menos dois meses o prazo para o desarmamento, enquanto a questão está a ser discutida a alto nível em Bogotá.

O comandante Cortés reconheceu que a entrega total das armas não foi concretizada “porque não existe segurança jurídica, não há sinais sobre a integração dos guerrilheiros na vida política, económica e social e também não foram libertados os presos políticos”.

O chefe guerrilheiro acrescentou que as FARC já cumpriram 98,9% do acordo de paz assinado com o Governo de Bogotá “ e isso para fornecer margem a algum incumprimento que assenta em causas provocadas pelo próprio Governo”.

Cortés assegurou que a celebração, no sábado, dos 53 anos da fundação das FARC foi “a última com os guerrilheiros ainda em armas”, numa fase de transição a caminho de um “movimento político”.

O histórico acordo de paz entre a guerrilha e o Governo foi assinado em 26 de setembro de 2016 na cidade colombiana de Cartagena das Índias (norte), na presença do Presidente Juan Manuel Santos.

Ao longo de mais de 50 anos, o complexo conflito armado colombiano implicou as FARC, fundadas em 1964 na sequência de uma revolta camponesa, e outras guerrilhas de extrema-esquerda, milícias paramilitares de extrema-direita e as forças armadas.

A violência causou mais de 260 mil mortos, 45 mil desaparecidos e 6,9 milhões de deslocados.