Em entrevista à agência Lusa, António Marques da Silva, presidente da Comissão de Gestão do Plano de Contingência do Ministério da Saúde para as Comemorações do Centenário das Aparições de Fátima, a 12 e 13 de maio, revelou que, em relação a cerimónias anteriores, esta contará com “um envolvimento da rede hospitalar claramente mais abrangente, além dos dispositivos anteriores em apoio a comemorações" na Cova da Iria.

“Foram também definidas metodologias inovadoras para o reforço da capacidade de comunicação (telecomunicações e partilha informática de dados) entre a rede hospitalar e a central coordenadora da emergência pré-hospitalar, com impacto positivo na maior facilidade de gestão e rentabilização de meios mais exigentes”, sublinhou António Marques da Silva numa entrevista por escrito à Lusa.

A partilha mais célere das capacidades operacionais de serviços de urgência e unidades de cuidados intensivos são exemplos desse reforço.

Relativamente aos peregrinos, os especialistas equacionaram respostas ao nível das situações clínicas pouco urgentes (previsivelmente a maioria dos casos) e em caso de emergência individual ou coletiva.

“Obrigatoriamente, existirão dispositivos adequados de apoio à segurança das altas individualidades e do próprio papa”, disse.

Recordando que o esforço mobilizará atores da saúde, administração interna, protocolo de Estado (Negócios Estrangeiros), turismo (Economia) e forças armadas (Defesa Nacional), António Marques da Silva avançou que, “no local e em apoio ao local, existirão meios posicionados segundo uma lógica de potencial escalonamento de risco e prioridade clínica, com redundância geográfica para uma garantia de sempre existir plano alternativo perante o imprevisto”.

“Em apoio de retaguarda, existirão dez organismos centrais e regionais da Saúde, com dez unidades hospitalares em estado de prontidão (incluindo as localizadas em maior proximidade e as centrais polivalentes universitárias)”, disse.

Um primeiro eixo de resposta será assumido pela emergência pré hospitalar.

Um segundo eixo hospitalar (em maior proximidade geográfica e para situações de menor gravidade) será composto pelo Hospital Distrital de Santarém, Centro Hospitalar do Médio Tejo, Centro Hospitalar do Oeste e o Centro Hospitalar de Leiria.

Existirá ainda um terceiro eixo constituído por unidades hospitalares com serviços de urgência polivalentes e maior capacidade para doentes críticos: Centro Hospitalar do Porto, Centro Hospitalar São João, Centro Hospitalar de Lisboa Central, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e Centro Hospitalar Lisboa Norte.

Os últimos dois centros hospitalares estarão em primeira linha para as situações mais graves, oferecendo sempre uma alternativa.

Para António Marques da Silva, “existe uma rede capaz para responder a situações de calamidade individual ou no caso de ocorrência com múltiplas vítimas (que exigirá uma resposta em articulação ao longo da rede hospitalar)”.

Ao nível dos cuidados de saúde primários, existirão “centros disponíveis em horário prolongado, de forma a facilitar a acessibilidade, ao longo dos trajetos mais utilizados a caminho de Fátima e no destino”.

“Existem diversos tipos de contribuições, desde a intervenção preventiva no contexto da saúde pública, como na divulgação de recomendações sobre cuidados a ter na peregrinação ou na prestação direta de cuidados assistenciais”, adiantou.

Sobre o nível de risco de um evento desta natureza, António Marques da Silva acredita que “não haverá motivo para alarmismos”.

“Haverá, sim, indicação para as devidas precauções, valorizando o potencial risco. Este será gerido tendo em vista a sua mitigação. Já existe experiência noutros eventos de grande porte, tanto a nível nacional como internacional, o que faz prever que o dispositivo assumido será coerente com a dimensão e relevância do evento”, acrescentou.

Em relação à ameaça de atos terroristas, este especialista em emergência médica reconheceu que, “como cidadãos atentos à realidade internacional dos tempos vividos, naturalmente que essa ameaça é sempre presente e aconselha a contingência possível”.

“O importante é promover um clima de segurança, existindo tranquilidade que o possível e expectável encontra-se previsto nos domínios da segurança”, conclui.