"Os transportes públicos existem para dar resposta às necessidades dos utentes, em particular nas horas de maior procura, as chamadas horas de ponta, pelo que o apelo feito pela administração da Soflusa em nada resolve a situação caótica que se vive na travessia fluvial entre Barreiro e Terreiro Paço", refere a Fectrans em comunicado.

A administração da Soflusa apelou aos passageiros para evitarem as deslocações entre as 08:00 e as 09:00, período durante o qual se verificaram hoje vários incidentes no cais do Barreiro.

"Fazemos um apelo aos passageiros para tentarem coordenar as deslocações, para não haver um tão grande aglomerado de pessoas àquela hora", disse a administradora da empresa de transporte fluvial, Marina Ferreira.

A empresa fez este apelo, em conferência de imprensa, em Lisboa, depois de várias pessoas terem tentado forçar a entrada na zona de embarque.

Segundo a responsável, houve várias pessoas que se sentiram mal, uma mulher desmaiou e outros utentes magoaram-se na sequencia das tentativas de forçar a entrada de acesso ao barco, tendo mesmo partido uma porta.

A frota da transportadora é composta por oito navios, mas apenas quatro estão a funcionar, porque os restantes não reúnem as condições necessárias.

A Fectrans salienta que a recuperação da frota foi um dos primeiros temas colocados nas reuniões com o atual ministro da tutela, que "apesar de reconhecer a situação dramática que se vive, pouco fez".

"A Soflusa tem em atividade quatro dos oitos navios da frota e deixou de assegurar sete turnos nos períodos da manhã. Mesmo que rapidamente entre ao serviço mais um navio, a oferta ficará sempre abaixo das necessidades", explica.

A federação acrescenta que este é o resultado "de uma política criminosa do governo de Passos/Portas", referindo que o atual governo também começa a ter a "sua quota parte de responsabilidades na situação"

"Se não houver medidas concretas na aposta e investimento nas empresas públicas, o que está a acontecer na Soflusa pode replicar-se noutras empresas de transportes, em particular na Transtejo, onde a situação já não é normal, no Metropolitano de Lisboa e na CP", conclui.