“Talvez este processo de investidura não me leve à presidência [do Governo], mas vai levar à política nacional e ao Congresso dos Deputados a igualdade dos cidadãos, a dignidade das nossas instituições e as prioridades das famílias. E isto, penso que vale bem a pena”, afirmou o Núñez Feijóo, numa iniciativa do PP em Madrid, perante uma plateia de militantes e dirigentes do partido.

Feijóo admitiu por diversas vezes que a sessão de investidura como primeiro-ministro, agendada para o parlamento de Espanha para 26 e 27 de fevereiro, pode falhar, dizendo que “é verdade que apesar de ter ganhado” as eleições de 23 de julho, não tem “todas as possibilidades reais para que a investidura frutifique”.

O presidente do PP voltou a defender que há em Espanha “uma alternativa à chantagem” dos independentistas bascos e catalães, numa referência aos acordos que viabilizaram na última legislatura o governo de esquerda liderado pelos socialistas e que podem ser de novo reeditados na sequência das eleições de 23 de julho, e garantiu que insistirá nessa proposta, “mesmo que isso custe receber um não” na investidura como primeiro-ministro.

Feijóo, que venceu as eleições mas não tem uma maioria de apoio no parlamento que lhe garanta a investidura como primeiro-ministro, propôs na quarta-feira ao líder do PSOE, Pedro Sánchez, um acordo ao abrigo do qual governaria o partido mais votado, como sempre aconteceu na democracia espanhola nos últimos 45 anos, e que acabaria com a influência dos independentistas catalães e bascos.

O líder do PP disse que propôs a Sánchez “seis grandes pactos de Estado” e que os socialistas viabilizassem um governo dos populares para uma legislatura de dois anos, o tempo para pôr em marcha esses acordos.

O PSOE recusou a proposta, sublinhando que o PP se apresentou nas eleições de 23 de julho com o projeto de “revogar o sanchismo”, ou seja, as políticas dos últimos anos do atual governo, liderado por Pedro Sánchez.

Os socialistas consideraram ainda que há “cinismo e hipocrisia” nas propostas e declarações de Feijóo, que insiste em que deve governar Espanha a lista mais votada, mas desde as eleições regionais e locais de 28 de maio fez acordos com outros partidos para impedir que o PSOE liderasse o executivo de duas regiões autónomas e de mais de cem municípios que foram conquistados pelo partido socialista no escrutínio.

Apesar de ter hoje admitido a possibilidade de fracasso da investidura como primeiro-ministro, Feijóo assegurou que vai prosseguir com a ronda de contactos com os partidos que conseguiram representação parlamentar, para tentar reunir apoios.

O PP foi o partido mais votado nas eleições de 23 de julho e o Rei de Espanha indicou Feijóo como candidato a primeiro-ministro, cuja investidura tem agora de ser votada pelo parlamento em 26 e 27 de setembro.

O PSOE tem assegurado que, apesar de ter sido o segundo partido mais votado, tem condições para voltar a formar governo, com os votos dos deputados de uma ‘geringonça’ de forças de esquerda, extrema-esquerda, regionalistas, nacionalistas e independentistas, que já conseguiu juntar em 17 de agosto, na eleição da presidência do parlamento.