Durante o julgamento, que decorre no quartel dos Bombeiros Voluntários de Guimarães, aquele arguido disse que o bastão extensível pertencia à mulher, agente da GNR.

"Ela andava sempre com aquilo", referiu, adiantando que, no dia em que decorreu a apreensão, o bastão estava no carro do casal porque a mulher iria trabalhar às "cinco da manhã" do dia seguinte.

Propriedade sua, adiantou, seria apenas um "cabo de eletricidade" que também foi apreendido no carro, na mesma ocasião.

Confrontado com escutas telefónicas em que alude expressamente ao "bastão" e ao "extensível", o arguido disse que era apenas "uma maneira de falar", reiterando que se referiria apenas ao cabo de eletricidade.

Além de um crime de detenção de arma proibida, este arguido está acusado pelo Ministério Público de um crime de associação criminosa, três crimes de exercício ilícito de segurança privada e dois crimes de coação.

O arguido negou todas as acusações, disse que nunca participou em "cobranças difíceis", que nunca pressionou estabelecimentos da noite a mudar de empresa de segurança e que sempre agiu no âmbito das suas funções de vigilante.

A "Operação Fénix" é um processo relacionado com a utilização ilegal de seguranças privados.

Os 54 arguidos respondem por crimes de associação criminosa, exercício ilícito da atividade de segurança privada, extorsão, coação, ofensa à integridade física qualificada, ofensas à integridade física agravadas pelo resultado morte, tráfico, posse de arma proibida e favorecimento pessoal.

Cinco dos arguidos estão em prisão preventiva e nove em prisão domiciliária, com vigilância eletrónica

A lista de arguidos integra a empresa SPDE - Segurança Privada e Vigilância em Eventos, acusada de um crime de associação criminosa e outro de exercício ilícito de atividade de segurança privada.

A acusação sustenta que o sócio-gerente da SPDE, Eduardo Silva, seria o líder de um grupo que se dedicava à prática de atividades ilícitas relacionadas com o exercício de segurança privada.

Eduardo Silva está indiciado de, a coberto da atuação legal da sociedade SPDE, ter montado uma estrutura que, com recurso à força e à intimidação, lhe permitiu dominar a prestação de serviços de segurança em estabelecimentos de diversão noturna em vários pontos do país.

Para a acusação, ficou indiciado que este grupo se dedicava às chamadas "cobranças difíceis", exigindo, através da violência física e/ou de ameaças, o pagamento de alegadas dívidas.

O presidente do FC Porto, Pinto da Costa, e o ex-vice presidente do mesmo clube, Antero Henrique, são também arguidos no processo, acusados, respetivamente, de sete e seis crimes de exercício ilícito da atividade de segurança privada.

Em causa o facto de alegadamente terem contratado ou beneficiado de serviços de segurança pessoal por parte da SPDE, quando sabiam que a empresa não os podia realizar, por não ter o alvará necessário. Ambos já refutaram a acusação.