Em declarações à agência Lusa, a presidente da comissão de festas, Adelaide Matos, contou que o lançamento de fogo previsto para sábado e domingo foi transferido para terça-feira, devido ao despacho conjunto do primeiro-ministro e da ministra da Administração Interna que declarou calamidade pública para este fim de semana para prevenir incêndios face à esperada subida das temperaturas.

Em causa está uma festa religiosa e popular que é conhecida no Norte do país pela particularidade dos seus andores que atingem os 16 metros de altura e seis metros de largura, sendo apoiados em bases de ferro com rodas que são puxadas por dezenas de homens através de um mecanismo com cordas.

"É uma tradição com mais de 250 anos que é importante manter. E a procissão [agendada para domingo à tarde] mantém-se, apenas o fogo foi alterado por causa das altas temperaturas previstas e do alerta do Governo", descreveu a responsável.

O primeiro-ministro, António Costa, anunciou hoje que a declaração de calamidade pública tem efeitos preventivos em vigor até segunda-feira às 24:00, estando em causa a utilização de fogo-de-artifício ou de qualquer outro material pirotécnico.

Na Trofa, concelho do distrito do Porto, o lançamento de fogo foi transferido para terça-feira às 00:15 e 23:00 horas.

Adelaide Matos é, em 251 anos, a primeira mulher presidente da comissão de festas, "um convite feito pelo pároco da freguesia e por pessoas próximas" que aceitou por considerar "importante manter as traições da terra", um território no qual é conhecida por ser parteira há 40 anos.

"Além dos [dez] andores a festa é ‘colorida' pelos figurantes. Este ano serão 150 crianças e muitas delas, ou aliás mais os seus pais, passaram-me pelas mãos nos primeiros minutos de vida", contou Adelaide Matos, que antes trabalhava no hospital de Vila Nova de Famalicão e atualmente exerce no Hospital Privado da Trofa. Ao todo acredita já ter visto e ajudado nascer cerca de 25 mil crianças.

As Festas de Nossa Senhora das Dores também registam, este ano, a outra particularidade: os postes de eletricidade de uma das ruas por onde está previsto passar a procissão foram retirados de forma a possibilitar a passagem dos andores.

A situação acontece porque uma parte do centro o concelho foi recentemente requalificada, no âmbito da obra conhecida por Alameda da Estação, empreitada orçada em 2,5 milhões de euros inaugurada em junho.

Contactada pela agência Lusa, fonte da Câmara da Trofa explicou que "os postes de eletricidade foram escolhidos e preparados para a eventualidade de terem de ser retirados e recolocados posteriormente uma vez por ano para dar passagem à procissão", sendo que o trajeto deste evento religioso e festivo é "definido pelos organizadores das festas que o podem alterar ou não de ano para ano".

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