A decisão de encerrar toda a extensão fronteiriça de 1.340 km foi tomada pelo gabinete do primeiro-ministro, Petteri Orpo, com a preocupação de encaminhamento russo de migrantes para travar uma “guerra híbrida” e desestabilizar o país nórdico após a sua entrada na NATO.

O posto de travessia de Raja-Jooseppi, na região finlandesa da Lapónia, no Ártico, situado a cerca de 250 quilómetros da cidade russa de Murmansk, foi encerrado hoje às 14 horas locais.

Ville Ahtiainen, vice-comandante da Guarda de Fronteiras finlandesa na Lapónia, afirmou que nenhum migrante tentou hoje atravessar a fronteira em Raja-Jooseppi.

As autoridades finlandesas afirmaram que desde agosto cerca de 1.000 imigrantes, sem vistos ou documentação válida, chegaram à fronteira, tendo mais de 900 chegado em novembro.

A Finlândia constitui uma parte significativa do flanco nordeste da NATO e atua como fronteira externa da União Europeia no norte.

Os migrantes são oriundos principalmente do Médio Oriente e de África, de países como o Afeganistão, a Eritreia, a Etiópia, o Iraque, o Paquistão, a Somália, a Síria e o Iémen.

Um número significativo de migrantes pediu asilo no país após ter atravessado a fronteira, segundo as autoridades.

A Finlândia acusa a Rússia de estar a encaminhar deliberadamente os migrantes para a zona fronteiriça, controlada fortemente pelo Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB).

O encerramento formal de toda a extensão fronteiriça da Finlândia com a Rússia entra em vigor à meia-noite de hoje.

A passagem de Raja-Jooseppi foi o único ponto a permanecer aberto após o encerramento dos sete pontos de passagem no início deste mês.

A relação entre os dois países agudizou-se após a adesão da Finlândia à NATO, que se tornou o 31º membro da aliança, em maio de 2022.

O Kremlin nega as acusações de estar a encaminhar migrantes até à Finlândia, lamentando ainda o encerramento das fronteiras finlandesas.

A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, confirmou a notificação formal da Finlândia sobre o encerramento do último posto de controlo fronteiriço.

Zakharova afirmou que, ao fechar a fronteira, a Finlândia estará a prejudicar os seus próprios cidadãos.

Sobre o envio de tropas dos aliados da NATO para a fronteira Finlândia-Rússia, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que “ninguém nem nada está a ameaçar a Finlândia”, classificando a medida de “excessiva”.

Peskov alertou para o “surgimento de tensões durante a concentração de tropas adicionais na fronteira”. “Os finlandeses têm de estar claramente conscientes de que a concentração de tropas na nossa fronteira constituirá uma ameaça para nós”, afirmou.

Não há soldados da NATO atualmente estacionados no território finlandês ou ao longo da fronteira com a Rússia, de forma permanente, à exceção das forças estrangeiras que participam em exercícios regulares da aliança militar com as forças armadas finlandesas.

Alguns especialistas citados pelos meios de comunicação finlandeses acreditam que Peskov se referiu à agência fronteiriça da UE, Frontex, que enviou pessoal e equipamento para auxiliar os funcionários finlandeses a patrulhar e monitorizar a extensa fronteira oriental do país.

O encerramento total da fronteira entre a Finlândia e a Rússia irá ter uma duração de pelo menos duas semanas, até 13 de dezembro, podendo depois dessa data ser reaberto um ponto de passagem, informou o Governo finlandês.