"Manuel Pizarro ainda não foi capaz de um acordo digno e sem artimanhas escondidas nas cláusulas", é assim que começa o comunicado da FNAM enviado às redações.

"Num momento em que se esperava uma resposta política à altura das circunstâncias, o resultado terá que ser convincente e não pode defraudar as expectativas dos médicos e da população. Além disso, tem que haver vontade política em resolver a situação catastrófica que se vive no SNS, com encerramento dos SU de adultos, pediatria e obstetrícia por todo o país", pode-se ler no comunicado.

"Por outro lado, se o primeiro-ministro afirma que o problema do SNS não é financeiro, impõe-se a atualização salarial com um aumento de 30% em conformidade com a nossa responsabilidade, e que não esteja associado a mais horas de trabalho e a uma flexibilidade do horário que obriga a que o médico esteja sempre disponível, em total destruição do direito ao descanso e a ter vida pessoal e familiar, como consagrados na Lei da Républica Portuguesa", afirma a FNAM no comunicado.

Em relação ao problema não ser financeiro, Manuel Pizarro hoje na Comissão de Saúde, afirmou que o Sistema Nacional de Saúde tem um "problema de organização. Temos de modificar o modelo de utilização. Em Portugal há 70 episódios por cada 100 habitantes, enquanto a média europeia é de 30".

"Temos um problema que faz com que os recursos estejam concentrados nas urgências. As horas de trabalho dos médicos, a maior parte está alocada à urgência. Isso explica o porquê de em outras matérias assistenciais não consigamos responder", explicou Manuel Pizarro.

Entretanto, "a FNAM esteve sempre disponível para assinar um acordo, aceitando que algumas medidas possam vir a ser faseadas dentro de um tempo realista, mas teremos de ter garantias de que a carreira médica e o SNS têm o futuro salvaguardado com a dignidade que merece. A FNAM mantém as suas formas de luta, o apoio a todos os médicos que entregam as declarações de indisponibilidade para não fazer mais trabalho suplementar para além do limite anual das 150 horas, a greve dos dias 14 e 15 de novembro, as manifestações locais no dia 14 e a ida da delegação da FNAM a Bruxelas para reunir com os eurodeputados e a Comissária para a Saúde, Stella Kyriakides, de forma a apresentar um retrato da situação dramática que se vive na Saúde em Portugal e apresentar, neste âmbito, as soluções da FNAM para que se recupere, com urgência, a carreira médica e o SNS", finaliza o comunicado.

De recordar que após mais uma ronda negocial este fim de semana, na próxima terça-feira à nova reunião entre os Sindicatos e o Ministério da Saúde.