“Temos de perceber que aquilo que deve vir para a mesa é aquilo que vamos consumir – isso é fundamental -, as doses devem ser adequadas às nossas necessidades alimentares”, disse à agência Lusa Susana Fonseca, da Associação Sistema Terrestre Sustentável, Zero.
E quando as doses servidas são grandes, “há que perder a vergonha e perceber que, do ponto de vista ambiental e económico, a melhor solução é trazer para casa aquilo que não é consumido” e que está em boas condições, aconselhou.
A propósito do Dia da Terra, que se assinala no sábado, a Zero questionou 13 restaurantes na zona de Fátima, no distrito de Santarém, acerca dos comportamentos, dos estabelecimentos e dos clientes, no que respeita às sobras, atendendo à necessidade de reduzir o desperdício alimentar.
A escolha desta região é justificada com a visita do papa Francisco ao santuário de Fátima, em 12 e 13 de maio, já que líder dos católicos tem várias vezes chamado a atenção para o desperdício alimentar, mas também com o facto de tratar-se de uma localidade perto de uma zona rural, que permite aproveitar muitos restos para alimentar animais.
Da análise efetuada, Susana Fonseca apontou “ser muito comum haver sobras no prato” que “nunca vêm com os clientes”.
Nos restaurantes contactados pela Zero, exemplificou, “todos têm algum tipo de embalagem que podem disponibilizar aos clientes, caso queiram levar a comida para casa e há também esta boa notícia de que uma parte destas sobras, quando não são aproveitadas pelo cliente, são encaminhadas para o consumo animal, o que é positivo”.
Por outro lado, “houve também uma grande abertura por parte da esmagadora maioria dos restaurantes para colaborar em campanhas de redução do desperdício” e, em conjunto, encontrar soluções, segundo a ambientalista.
Para a Zero, para alterar o desperdício alimentar nos restaurantes, é fundamental mudar a cultura alimentar que, muitas vezes, assenta na ideia de que quando a dose servida é totalmente consumida o restaurante “não serve bem”.
Os frequentadores de restaurantes são aconselhados a levar as próprias embalagens, em vez de criar mais lixo, já que as caixas normalmente são descartáveis e de plástico.
Estimativas citadas pela associação ambientalista indicam que na União Europeia, do desperdício alimentar, que atinge 89 milhões de toneladas por ano, 14% é do setor da restauração.
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