“Esta segunda volta das eleições francesas teve a grande vantagem de afastar o fascismo, a xenofobia da presidência da França. Agora está tudo por fazer porque Emmanuel Macron é o sistema financeiro. É mais do mesmo e, por isso, para travar a extrema-direita, o que a Europa precisa é de uma política diferente que fale pelo emprego, pelos direitos dos cidadãos e cidadãs”, disse Catarina Martins.

A líder do Bloco de Esquerda (BE), que falava à margem de uma visita hoje de manhã ao Hospital de São José, em Lisboa, reagia assim à vitória do centrista Emmanuel Macron, que foi eleito com 66,10% dos votos, contra 33,90% da candidata de extrema-direita Marine Le Pen, na segunda volta das eleições presidenciais em França.

No entender de Catarina Martins, para travar a extrema-direita na Europa é preciso uma política que fale pela economia, que esteja ao serviço das pessoas e não pela predação do sistema financeiro”.

“Esta é uma batalha que vamos ter já a seguir. Foi importante que Marine Le Penn não tenha ganho as eleições e acho que a esquerda em França fez o que devia fazer para derrotar Le Penn, mas não deixa de ser preocupante e também um sintoma do que é a Europa hoje e porque tantos votos foram para a extrema-direita”, disse.

O centrista Emmanuel Macron foi eleito com 66,10% dos votos, contra 33,90% da candidata de extrema-direita Marine Le Pen, revelam hoje os resultados definitivos da segunda volta das eleições presidenciais francesas.

A abstenção atingiu 25,44% dos inscritos, um nível recorde.

Apesar de considerar que Marine Le Penn tinha de ser derrotada, porque “representa o racismo, a xenofobia, a violência e o ódio”, Catarina Martins salientou que Macron “é o sistema financeiro”.

“Na Europa, na União Europeia tem crescido um discurso institucional da xenofobia dos muros, do ataque aos direitos humanos e, isso nota-se depois quando as pessoas acabam por olhar para a extrema-direita como algo possível ou normal”, disse.

Por isso, Catarina Martins, que falava em Lisboa ao lado do candidato do Bloco de Esquerda (BE) à Câmara de Lisboa, Ricardo Robles, considera que agora tem de haver mudança de política.

“É verdade que Macron não tem apoio político para o seu programa, os votos que teve foram para derrotar o fascismo xenófobo de Marine Le Penn. Macron é um banqueiro que tem um projeto de desregulação das relações laborais e de massivas privatizações e liberalizações em França. Julgo que agora vamos ter um período complexo em França e na Europa. Vamos ter as legislativas e julgo que é muito importante que a esquerda apresente um projeto alternativo”, sublinhou.

Na opinião de Catarina Martins o projeto alternativo deve “estar focado nos direitos das pessoas, no direito ao trabalho e no trabalho com direitos, no controle público dos setores estratégicos para que a economia não seja um sítio da predação do sistema financeiro”.

“Agora está tudo em aberto com as eleições legislativas. Vamos o que acontece”, concluiu”, disse.