“Não é atualmente do nosso interesse falar com responsáveis russos, porque os comunicados de imprensa que são emitidos e os resumos feitos são mentiras”, disse o chefe da diplomacia francês, Stéphane Séjourné, aos meios de comunicação France24 e RFI, a partir de Abidjan, onde concluiu um périplo por África.

Após uma conversa na quarta-feira passada entre os ministros da Defesa francês, Sébastien Lecornu, e russo, Serguei Shoigu, que tinha como objetivo transmitir “informações úteis” aos russos sobre o atentado de Moscovo, o Presidente francês, Emmanuel Macron, denunciou na quinta-feira “comentários barrocos e ameaçadores” por parte dos russos.

No seu resumo da conversa, iniciada por Paris, a Rússia disse nomeadamente ter afirmado “esperar” que os serviços secretos franceses não estivessem envolvidos nesse atentado, que fez 144 mortos a 22 de março numa sala de espetáculos na periferia de Moscovo — uma invenção desmentida por Paris.

Antes de os franceses poderem voltar a falar com governantes russos, “talvez seja necessário estabelecer uma relação de confiança – talvez, acima de tudo, haver uma evolução na frente militar na Ucrânia, para que as relações possam ser retomadas. Ainda não é esse o caso”, afirmou Séjourné.

Macron justificou a iniciativa da conversa entre os ministros da Defesa francês e russo, a primeira desde outubro de 2022, com o facto de França ter “informações úteis” a transmitir às autoridades russas “sobre as origens e organização do atentado” reivindicado pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico (EI).

Segundo o MNE francês, a “longa tradição com a Rússia de cooperação em matéria de terrorismo” está agora em ponto morto.

“Na prática, ela não continua, uma vez que se tratava de uma oferta, e o comunicado russo, em língua russa, propõe efetivamente que não cooperemos”, concluiu.