“Encontro-me, para já, bem de saúde, vou continuar, como é óbvio, com a greve de fome”, disse em declarações à Lusa Josias Alves que começou o protesto na manhã de terça-feira.

Referiu que no domingo recebeu “a visita de profissionais de saúde” que lhe são próximos e disse acreditar que, na quarta-feira, profissionais do Centro Clínico da GNR o visitem também.

“Quanto ao apoio dos meus camaradas, tem sido único. Têm-me prestado todo o apoio possível e eu presumo que se mantenha até conseguirmos obter os resultados pretendidos”, acrescentou.

Atualmente colocado no Pelotão de Apoio de Serviços, o sargento Josias Alves, 44 anos, do Marco de Canavezes, pretende com a sua decisão “alertar” a sociedade civil para o “desespero" dos militares da GNR, da PSP e da Guarda Prisional.

“O desespero a que chegámos, em virtude de um sem número de situações que prejudicam a mim e a camaradas e amigos da GNR e agentes da PSP e da Guarda Prisional, levou a que optasse por esta forma de luta", disse à Lusa.

O objetivo deste protesto é “não só conseguir ordenados correspondentes à condição socioprofissional”, mas também para protestar contra “as pressões e perseguições” de que alegadamente têm sido vítimas, disse o militar da GNR, que tem permanecido numa tenda de campismo, montada em frente à Câmara do Porto.

“É óbvio que estou aqui por minha demanda, mas também por todos eles [PSP, GNR e Guarda Prisional] e a forma como foram perseguidos”, afirmou.

E acrescentou: “O desespero é de tal forma grande, não só comigo, mas também com outras forças policiais, que a única forma que eu concebi para lutar contra o sistema foi exatamente esta”, acrescentou.

O sargento, que chegou a comandar o Posto Territorial da GNR de Aveiro, Cacia, Vila Meã e de Alpendorada e a ser coordenador da Proteção Civil de Marco de Canaveses, defende a necessidade de existir hierarquia, que julga "absolutamente necessária", mas assume ser contra a utilização da "repressão" e da "pressão tirânica” para com aqueles que lutam pelos seus direitos.

Josias Alves, que está agora colocado no Pelotão de Apoio de Serviços, diz também não querer fazer daquela ação "uma luta pessoal", referindo que há "muitos outros" profissionais "que permanecem sob o anonimato, em virtude de não quererem ser ainda mais prejudicados do que já foram."