“Só posso lamentar a situação de rotura a que os sindicatos nos conduziram e que vai ter reflexo na greve, que vai prejudicar os cidadãos e a circulação dos passageiros que utilizam o meio ferroviário”, disse em declarações à agência Lusa.

Os sindicatos representativos dos trabalhadores da Infraestruturas de Portugal (IP) decidiram manter a greve marcada para hoje, após uma reunião com o Governo, em que não foi possível “chegar a acordo”, segundo o coordenador da Fectrans.

“Não houve acordo. É um processo que vai levar algum tempo. Houve muito pouca evolução”, afirmou à agência Lusa José Manuel Oliveira, coordenador da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans), no final da reunião no Ministério do Planeamento e Infraestruturas.

A CP – Comboios de Portugal já alertou para “fortes perturbações na circulação” devido à greve na IP, face à previsão de “supressões de comboios a nível nacional em todos os serviços”. A empresa alertou ainda para que “não serão disponibilizados transportes alternativos”.

A paralisação contará com serviços mínimos, definidos pelo tribunal arbitral, tendo sido subscrita por 14 organizações sindicais.

O secretário de Estado referiu que o governo manifestou “sempre vontade de negociar” e evitar o recurso à greve.

“O facto é que já houve resultados definitivos do processo negocial, basta falar na reposição de direitos adquiridos dos trabalhadores. Entre 2017, 2018 e já incluindo 2019 estamos a falar de um impacto de 33 milhões de euros”, explicou.

Guilherme W. d’Oliveira Martins referiu ainda que, no início de 2018, na sequência de greves e da continuação do processo negocial “foi negociado um subsídio intercalar que confere a cada trabalhador da IP 23 euros por mês”.

“Em 2018 este valor totaliza 800 mil euros e em 2019 totaliza 1,2 milhões de euros, já no quadro de negociação do acordo de empresa. Por cima disto, o governo e a IP estavam dispostos a dar mais. Para além dos 1,2 milhões, estávamos dispostos a fazer um esforço adicional de 1,4 milhões de euros, com um total de esforço adicional de 2,6 milhões de euros, mais 360 mil euros para isenção de horário de trabalho”, explicou.

O secretário de Estado deu alguns exemplos, como o aumento do subsídio de escala de 18,5% para 19% ou o aumento de 54 cêntimos no subsídio de refeição diário.

“Foram muitas as cedências que fizemos, em que os sindicatos nunca apresentaram nenhuma contraproposta, nem nenhuma contrapartida. O Governo está sempre disponível para negociar, é preciso é que sindicatos mudem a sua posição e não adotem uma postura de rotura”, concluiu.